Na minha qualidade de combatente e ex-comandante da Luta pela Independência Nacional, embora muito jovem, com 14/15 anos de idade, fiz parte dos primeiros guerrilheiros que iniciaram a luta armada na Frente Zambeziana em setembro de 1964. Foi nessa mesma luta, que tive o privilégio e o orgulho de estar sempre ao lado dos verdadeiros Heróis da Pátria, que foram os meus mentores e guias do Povo.
Um dos grandes estrategas e organizadores da luta armada pela Independência Nacional, foi o FILIPE SAMUEL MAGAIA.
E por isso, em meu nome e de muitos compatriotas que neste preciso momento, se encontram dispersos e fora do nosso País, forçados a abandonar a sua terra, para escaparem à morte e à fúria de um Regime Ditatorial de Samora Machel e também, não esquecendo todos aqueles compatriotas que foram perseguidos e vitimas dessa mesma ditadura de Samora e seus seguidores, alguns dos quais ainda hoje continuam ativos defendendo a hegemonia sulista e empoleirados no poder, que querem perpetuar para todo o sempre.
Assim, quero previamente aproveitar esta ocasião, para apresentar as minhas profundas condolências à Família Magaia e, ao mesmo tempo afirmar que a minha consciência está um pouco aliviada, pelo acto de reconhecimento e pela “ESTÁTUA” que acaba de ser erguida, em memória do Grande Comandante e Chefe Filipe Samuel Magaia, que recentemente até seus próprios inimigos e assassinos, se recordaram dele pelo brilhante trabalho que prestou heroicamente ao seu povo.
Também, para dizer a verdade, essa ESTÁTUA não deveria ser erguida numa pequena praça do bairro, para apenas satisfazer um pequeno grupo de seus familiares e amigos, mas sim na praça principal da sua cidade natal, e replicada em outras formas de reconhecimento, em grandes praças de todas as capitais das Províncias, desta sua Pátria Mãe.
Todavia, como acima referi, sinto-me um pouco aliviado, pelo gesto humanitário, que foi demonstrado por Sua Excelência, o Senhor Filipe Nyusi, atual Presidente da Frelimo, em mandar construir uma estátua de Filipe Samuel Magaia, embora o meu apelo, seria em colocar outra estátua na cidade de Mocuba, terra Natal da sua Mãe, pois esta é a grande vontade do Povo Zambeziano e também, a sua imagem no mural da Praça dos Heróis na cidade de grande Maputo, pois ninguém pode ignorar ou esquecer que Filipe Magaia foi um grande obreiro e estratega da Revolução Moçambicana.
Por isso, essa sua iniciativa senhor Presidente Nyusi, teria sentido, se fosse mais longe, pois ficaria na memória dos Moçambicanos e se ainda mandasse remover ou retirar todas as estatuetas do “RENEGADO-CRIMINOSO” Samora Machel, que se encontram espalhados em todas as praças nas Províncias do Sul, Centro e Norte do País. Nesses locais, deveriam ser erguidas esculturas de verdadeiros heróis, filhos do Povo de Moçambique, além de Filipe Samuel Magaia, também outros que morreram pela Pátria, que são os reverendos Uria Timóteo Simango, Padre Mateus Gwejere, Silvério Nungo, Joana Simeão, Basílio Banda Alexandre Magno, José Alves, Rivas Sigauque, Mzé Lazaro Kavandame, Lourenço Mutaca, Francisco Cufa, Josina Mutemba etc... sem esquecer os grandes comandantes Raul Casal Ribeiro, António Silva, Francisco Manyanga, António Mpindula que também são reconhecidos como grandes obreiros da nossa revolução, que Samora Machel e seus cúmplices eliminaram da História, mas que a Pátria Moçambicana jamais poderá esquecer.
Por fim, quero deixar um recadinho, ao senhor Nyusi, para dizer que não ficou bem durante a leitura do seu discurso, sobre a história do Filipe Samuel Magaia, infelizmente, ir buscar uma figura, como do seu tio Alberto Chipande, que é indesejável e deixou-o manchar a sua figurinha ao permitir que esse criminoso que ajudou a praticar todos os crimes hediondos ao lado de Samora Machel, que também fez um discurso de verdadeiro hipocrisia. Esse Chipande, bem como os outros que por aí andam à sua volta, deviam estar há muito, atrás das grades, à espera que chegasse o dia de serem imparcial e honestamente julgados e condenados pelos crimes que continuam a cometer, contra a humanidade.
COMO FOI O ASSASSINATO DO COMANDANTE FILIPE SAMUEL MAGAIA E, SE NÃO SABIA, APROVEITE AGORA:
Esta é a história verídica da morte de Filipe Samuel Magaia e de outros compatriotas que injustificadamente perderam suas vidas durante a luta pela Independência Nacional, mas felizmente, fiquei eu, Zeca Caliate, pelo caminho para poder contar toda verdade de como foi!
Em 1966, realizou-se um golpe militar no seio do Movimento de Libertação de Moçambique, cujo autor foi Samora Moisés Machel, e foi apoiado pelo próprio Presidente da Frelimo, na altura, Dr. Eduardo Mondlane, talvez por desconhecimento da situação real do interior de Moçambique. Foram também cúmplices, o Marcelino dos Santos, Joaquim Alberto TZOM Chissano, Armando Emílio Guebuza, Mariano Araújo Matsinhe, Sérgio Vieira e os comandantes que estavam conotados pelas práticas de crimes no Niassa, Cabo Delgado e Tete e foram eles: Sebastião Marcos Mabote, José Phailane Moiane, Osvaldo Tazama, Pedro Odhala, Joaquim Munhepe, Alberto Chipande, Raimundo Pachinuapa, Bonifácio Gruveta, Massamba, João Facitela Pelembe entre outros.
Os golpistas liderados pelo adjunto chefe de Departamento da Defesa Samora Machel, após eliminar fisicamente o comandante das Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM), Filipe Samuel Magaia, cujo assassinato teve lugar na Província do Niassa ao atravessar de madrugada, um pequeno riacho. Seu assassino, de nome Lourenço Matola, seguia a sua dianteira e, foi o primeiro a efetuar a travessia daquele riacho e de seguida, aproveitou-se de uma árvore que ali havia, para se camuflar e preparou-se para fazer fogo com a sua arma denominada por “pepechã” de fabrico Soviético. O chefe Filipe Magaia, que vinha um pouco atrás do assassino, com lanterna na mão, a tentar ajudar outros companheiros que também atravessavam o tal riacho e, sem ninguém se apercebesse, que na outra margem, estava o traidor anteriormente aliciado e infiltrado por Samora Machel, para liquidar o grande chefe. Foi então que o Lourenço Matola, ao ver o Magaia a aproximar-se dele, não hesitou em premir o gatilho da sua arma e disparar uma rajada de metralhadora, que atingiu o Filipe Samuel Magaia, baleando-o, na zona do abdómen propriamente no umbigo. Este tombou gravemente ferido, mas não morreu. Perante a confusão que se gerou depois dos tiros, o Matola, no meio da escuridão, deitou no chão a sua arma e só depois de examinarem, as armas de outros camaradas, verificaram que nenhuma tinha sido disparada e, quando chegou a vez de Matola , este não tinha consigo a sua arma e, descobriram a mesma abandonada no chão com o cano ainda quente e a cheirar a pólvora. Quando lhe perguntaram porque tinha disparado contra o chefe, não soube responder e começou a chorar. Foi detido de imediato.
Filipe Samuel Magaia, não morreu naquele local, tendo sido posteriormente transportado de maca e resistiu até a fronteira de Moçambique com o Tanganica, sendo levado para o hospital da Província de Songuea, onde chegou sem vida. O Lourenço Matola, foi entregue de imediato, às mãos da polícia criminal de Tanganica, sem ser ouvido por nenhum moçambicano, para apurar as razões que o tinham levado a assassinar aquele chefe militar moçambicano. Os dez elementos da comitiva de Magaia foram de imediato escoltados pela polícia de Tanganica para Nachingwea, onde um destacamento da polícia de segurança da Frelimo, chefiada por Osvaldo Tazama, estava à espera e, na noite do dia seguinte, os nove elementos do grupo, foram enviados para o interior de Cabo Delgado, onde estava uma unidade de guerrilheiros, à espera desse grupo e assim que foram entregues nas mãos daqueles assassinos, foram todos amarrados e escoltados para um matagal entre Rovuma e Nangade, onde foram todos apunhalados, um a um, até à morte. Sobrou um, de nome Lino Ibraim, que era o braço direito de Filipe Samuel Magaia e que servia como guarda-costas. Na noite da morte do chefe, estava ao seu lado e viu como tudo se passou, quanto ao assassinato do comandante Magaia. Este foi enviado para um destacamento em Cabo Delgado. Mais tarde, quando o Samora se lembrou dele, era a única testemunha da morte de Magaia, achou que ele também devia ser executado e o enviou para o Destacamento, de outro assassino, de nome João Facitela Pelembe, que após ter morto o Lino Ibraim, foi nomeado para Comissário Político da Província de Tete, substituindo o primeiro, que se chamava Alfredo Wassira.
O que chamou a atenção a todos da Frelimo, na época, foi quando Filipe Magaia morreu, foi tudo muito rápido, pois foi de imediato sepultado, naquela cidade de Tanganica e, a seguir o Dr. Eduardo Mondlane, fez um breve discurso improvisado e nada destacou sobre o papel importante desempenhado durante a luta armada, pelo comandante Filipe Samuel Magaia, referindo-se apenas ao nome de Samora Machel, dizendo que a partir daquele momento o Machel, passaria a substituir o Magaia, no Departamento da Defesa, enquanto Joaquim Alberto Chissano, era nomeado Chefe da Segurança da Frelimo e a cerimónia terminou com empossamento, desses dois cangalheiros, ambos seus conterrâneos, não seguindo os trâmites legais, porque Eduardo Mondlane, teria que se reunir com seu vice-Presidente, o Reverendo Uria Timóteo Simango e mais tarde com o Comité Central da Frelimo, para a consulta e apresentação do nome do novo Chefe da Defesa da Frelimo, mas nada disso aconteceu, tudo indicava que o assunto estava já planeado, há muito tempo. O Samora Machel, saiu dali e começou a namoriscar com a Josina Mutemba, a viúva namorada do já falecido, Filipe Samuel Magaia, que em pouco tempo ficou grávida de Samora. Este, que não queria se casar com ela, mas o vice-presidente da Frelimo Uria Simango e outros membros obrigaram-no a casar com a Josina.
Após a morte de Filipe Magaia, então, abriram-se as portas para o inferno. Os assassinatos, no seio da organização, iniciaram-se massivamente, quando morreu Eduardo Mondlane e Samora usa este pretexto, como arma, para acusar e incriminar outros membros e inclusive o vice-presidente da Frelimo, que não escapou. O Silvério Nungo, que era administrador da Frelimo e outros, foram imediatamente acusados como traidores e enviados para Cabo Delgado, onde foram executados. Quem não era pró-Samora, estava contra a Frelimo e, como tal estava condenado a ser morto por fuzilamento no Niassa, Cabo Delgado ou Tete. A primeira vítima foi adjunto chefe de DSD, Raul Casal Ribeiro, que se encontrava a repousar, em casa de uma amiga, no Norte da Tanganica, foi raptado e executado e daí seguiram-se os raptos de vários quadros importantes da organização, foi a vez de Alberto Sande, sucessor de Samora Machel no campo de treinos militares de Kongwa, Francisco Cufa, representante da Frelimo na Zâmbia, Carlos Djama, Delgado de DSD na Zâmbia, também os dois foram raptados e não deixaram qualquer rasto.
Eu, Zeca Caliate, sou testemunha viva, de vários acontecimentos, como estes acima referidos, no seio da Organização, pois fui, um ex-comandante do 4º sector da Frelimo na Província de Tete e tive o privilégio e o acesso a muitos “dossiers” sobre as pessoas desaparecidas no seio da Frelimo. Também, estava visado a ser assassinado, pelo mesmo grupo de Samora Machel, quando descobriram de que eu tinha pertencido a facção apoiante de Filipe Magaia e, foi então que planearam a minha morte. Felizmente descobri a tempo essa intentona e, como não tinha outra saída para escapar à morte, vi-me obrigado a entregar-me ao Exercito Colonial Português, em julho de 1973.
Quarenta e dois anos passaram, desde que Moçambique se tornou um País Independente e a Frelimo se instalou no poder e, hoje sem vergonha na cara, os dirigentes desse Partido dos camaradas, vêm à luz do dia, reconhecer o crime hediondo que cometeram, não só contra o chefe máximo de Defesa e da Segurança, o qual foi deliberadamente condenado à pena da morte por assassinato, pelo Samora Machel com os seus cúmplices e inclusive, o próprio Dr. Eduardo Mondlane, que decidiram assassinar a sangue frio, o grande chefe militar, pela simples razão de não ser, 100% natural de Manjakazi ,Província de Gaza.
Filipe Samuel Magaia, era filho de Pai natural de Maputo, morreu por sua mãe não ser da mesma tribo que o seu pai. Não foi o único assassinado nesse terrível e cruel massacre, os seus nove companheiros, naquela missão, foram todos apunhalados e degolados, próximo do rio Rovuma, na parte de Moçambique.
Após os ferimentos de Filipe Magaia, provocadas por várias balas de uma arma disparada por Lourenço Matola, este esteve na prisão hotel da polícia de Tanganica, durante cinco anos e depois, enviaram-no para o Quénia, sem que os Moçambicanos o interrogassem, para não denunciar o mandante da morte do Magaia. Mesmo com a libertação de Matola, a Frelimo de Samora e seu amigo Chissano, não deixaram o homem em paz, com receio de que, mais cedo ou mais tarde, este podia vir a denunciá-los pelos crimes que o tinham ordenado a praticar, e foi morto por atropelamento, numa rua de Nairobi, Quénia.
FUNGULANI MASSO, lembrem-se bem, QUEM NÃO LUTA PERDE SEMPRE, A LUTA É CONTÍNUA.
Zeca Caliate, General Chingòndo um dos sobreviventes da teia do mal Frelimo!
Europa, 25 de Julho de 2017
(Recebido por email)
Vejam http://www.macua1.org/blog/caliate.htm
Brevemente mais notícias, aqui na sua VOZ DA VERDADE, que anteriormente não sabiam
PS: A foto acima pertence a Zeca Caliate e representa o transporte de Samuel Magaia para o Tanganica
NOTA: Para quando um pedido de desculpas e contrição pública dos dirigentes da Frelimo ainda sobrevivos? É muita hipocrisia junta!
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE