Gás Natural Liquefeito do Rovuma
A Anadarko Petroleum Corporation anunciou, ontem, ter finalizado dois acordos com o governo moçambicano - conhecidos em conjunto como Concessões Marítimas - que permitirão o desenho, construção e operacionalização das instalações marítimas para os seus projectos de GNL no norte de Moçambique.O anúncio foi feito na sequência da publicação dos decretos do Governo de Moçambique que aprovam os referidos acordos e também depois de, na semana passada, o Presidente da República ter mandado publicar (e depois suspender) uma carta pedindo aos executivos do governo americano e os da Anadarko que apressassem a Decisão Final de Investimento (DFI).
Sabe-se que há duas semanas, Moçambique recebeu visita do vice-presidente da Anadarko. Ele se encontrou com a ministra dos recursos minerais e energia, Letícia Klemens, numa reunião que visava dar seguimento à visita do PR ao país de Donald Trump e aclarar algumas questões ainda nebulosas entre os dois governos.“Este é um marco importante a caminho da Decisão Final de Investimento para o nosso projecto inicial de dois trens de GNL.
O marco assinala o cumprimento dos componentes centrais do Quadro Legal e Contratual com o Governo. Poderemos agora prosseguir com os nossos planos para dar início ao processo de reassentamento que irá permitir a construção da fábrica de GNL. Adicionalmente, continuamos a fazer progressos assinaláveis com relação aos nossos esforços de garantir os Acordos de longo prazo de compra e venda de GNL (SPAs) com os principais compradores e intensificaremos o nosso trabalho para mobilizar o financiamento necessário para execução do projecto.
Contamos tomar a DFI assim que os SPAs e os acordos de financiamento estiverem firmados” disse Mitch Ingram, vice-presidente executivo da Anadarko, Global GNL, citado pelo comunicado que tivemos acesso.
A Anadarko está a desenvolver a primeira fábrica de GNL em terra que consiste, inicialmente, em dois trens com a capacidade total de produzir 12 milhões de toneladas por ano (MTPA) através do gás natural proveniente dos campos Golfinho/Atum localizados no mar inteiramente dentro da Área 1.
A Anadarko opera a Área 1 com uma participação de 26.5%. O co-emprendimento inclui a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos E.P. (ENH) (15%), Mitsui E&P Mozambique Área 1 Ltd. (20%), ONGC Videsh Ltd. (16%), Barhat PetroResources Ltd. (10%), PTT Exploration & Production Plc (8.5%), e Oil India Ltd. (4%).
Refira-se que até ao final de 2016, a companhia tinha aproximadamente 1.72 biliões de barris-equivalente de reservas confirmadas, fazendo dela uma das maiores companhias independentes a nível mundial que desenvolvem pesquisa e produção.
Mercado complicado
Especialistas acreditam que um dos maiores entraves para a demora a chegada na decisão final de investimento seja o excesso de gás no mundo, em que o Qatar prometeu aumentar sua produção em mais de 100 milhões de toneladas anuais, exactamente, a partir do ano 2024, mesma época em que Moçambique poderá colocar o seu gás no mercado.
A Rússia já fechou o negócio de venda de gás com a China, e, de acordo com o Zitamar, o gás do Canadá pode não representar ameaça para Moçambique, mas as 300 milhões de toneladas planeadas pelos EUA, dos quais 63 já tem aprovação do mercado, representam um desafio. Aliás, é o gás de xisto dos EUA que faz com que o gás tenha preços baixos no mercado internacional.
MEDIA FAX – 01.08.2017