Por Edwin Hounnou
Paul Kagame, presidente do Rwanda, recentemente, reeleito para dirigir os destinos deste pequeno país encravado na região dos Grandes Lagos, desde o ano 2000, após desentendimentos com o presidente Pasteur Bizimungu, de quem era seu vice-presidente. O seu governo é, sistematicamente, acusado de impedir, de forma reiterada, a liberdade de imprensa e de expressão. Kagame foi eleito, em 2003, por sufrágio universal, sob fortes suspeitas de fraude e cooptação de eleitores, para um mandato de sete anos, com a possiblidade de reeleição uma vez. Kagame pertence à etnia tutsi (minoritária) chega ao poder através de invasão da guerrilha por ele comandada depois do genocídio contra os tutsis movido por hutus (etnia maioritária).
Quem fôr a visitar, hoje, o Rwanda, em particular a sua capital, Kigali, poderá constatar que, sob a liderança de Kagame, a tensão étnica reduziu, a economia do país e as condições de vida do povo melhoraram, embora as alegações da corrupção e a centralização do poder ainda continuem sendo um problema sério. A 06 de Agosto corrente, Kagame fez-se eleger, com 99 porcento, para mais um mandato de sete anos, de novo, com a possibilidade de uma renovação, o que significa que poderá se manter no poder até 2035. Na História dos povos, é impossível um governante ou dirigente atingir níveis de unamidade assim tão absolutos, que nem mesmo Jesus Cristo conseguiu tal aceitação, por isso, foi preso e morto, por contestação de alguns.
Não se pode acreditar que, em Rwanda, em cada 100 eleitores, só e somete só, um não gosta de Kagame? Isso só pode ser uma grande mentira que se pretende verdade e saudada por estadistas em nome dos povos dos seus países. Filipe Nyusi, o nosso Presidente da República, em nome do povo moçambicano, endereçou, também, uma mensagem de felicitação a Kagame por essa burla. Mesmo em Moçambique, só uma memória curta pode não se lembrar, Kagame manda caçar os seus supostos adversários políticos. Mesmos no interior das universidades públicas moçambicanas, estudantes rwandeses eram perseguidos por agentes secretos do regime de Kagame que os procurava a fim de os capturar e assassina-los. Kagame, com aparência de democrata, é um ditador. Morde e sopra, ao mesmo tempo.
É tempo dos povos africanos dizerem aos seus novos colonos que a brincadeira já não procede mais e isso tem que ser feito através de acções concretas de cidadania. Se o povo de Rwanda tivesse os olhos abertos deveria ter recusado aceitar os resultados eleitorais de exclusão e de ditadura. O mesmo recado é válido para o povo moçambicano que tem vindo a aceitar as burlas eleitorais e fraudes do governo que inscreveu, no orçamento do estado, dívidas escondidas e inconstitucionais, contraídas para satisfazer os apetites de um grupo de corruptos.
Não há melhor oportunidade do povo se vingar dos corruptos, ditadores e vigaristas – negar-lhes o seu voto porque não merecem a confiança de quem roubam e oprimem. Os que golpeiam o Estado e o Povo a quem juram servir, de alma e coração, não devem ser perdoados.
O tempo de abrir a vista já chegou. Já amanheceu e o sol da liberdade vai bem alto! Acordemos todos! O voto é a arma mais poderosa do povo que clama pela paz e desenvolvimento que, quando bem direccionado, derruba os regimes mais corruptos do mundo!