EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (66)
Há um antes e depois de Filipe Nyusi na política moçambicana. O Presidente da República não inventou a promiscuidade, a corrupção, o clientelismo. É evidente que estes males já existiam antes de Nyusi chegar à Presidência da República. A novidade trazida por ele é a acentuação de que este País só produz ricos e não riqueza. E para se chegar a tanto, utiliza-se sempre vias promíscuas.
Se Guebuza foi capaz de transformar todos os assuntos estatais em negócio privado, Filipe Nyusi posiciona-se como quem incentiva o clientelismo, a máfia. Toda a política nacional está corrompida. Quem disso duvida é só visitar a gravação que expõe a nu o nível de informalidade do Governo de Filipe Nyusi.
O que Shafee Sidat disse, na gravação, não é novidade para ninguém.
Todos sabemos que no verdadeiro sentido da palavra não temos Governo. Os que ali se encontram estão para comer.
Abastecer-se às custas do Estado moçambicano. A rede de clientelismo é de tal sorte que parece não haver nenhuma serventia identificar quem são os culpados.
O Presidente da República, o meu Presidente e de todos os moçambicanos, está a posicionar-se como autor intelectual e material do vil assassinato da ética política. A deformação da política nacional tem muita relação com a actuação de pessoas concretas. Parece-me que o Presidente não pôs freios aos mais escusos tipos de acordos com a tigrada para chegar ao poder. É por isso que se fala de um Celso Correia que teria financiado a campanha de Filipe Nyusi, dos irmãos Sidat que igualmente colocaram dinheiro nisso e do apadrinhamento condicional de Alberto Chipande, Raimundo Pachinuapa, Salésio Nalyambipano, Lagos Lidimo e tantos outros.
A estes, o Presidente deve favores.
São alguns deles, talvez porque não se viram suficientemente compensados, que tornam o seu Governo, Presidente, impopular. É em virtude disso que temos uma vice-ministra da Juventude e Desportos como Ana Flávia. A lista pode ser longa se olharmos para Silva Dunduro, Oswaldo Pitersburgo, Carlos Mesquita…
Ou seja, não é a competência que joga para que alguém seja convidado a assumir um cargo de relevo no Governo de Filipe Nyusi. É a sua contribuição para tornar Filipe Nyusi Presidente da República. Não é por acaso que as abastadas minas de rubis em Montepuez pertencem ao general Pachinuapa. Não é por acaso que vimos aquela “guerra” aquando das eleições da CTA. Quem não quer ser lobista?
Enquanto o Presidente visita ministérios –qual capataz?!- e profere discursos de combate à corrupção, por outro lado direcciona o filet mignon aos camaradas. O Presidente está a transformar a bandalheira em política de Estado. Os corruptos, velhos e novos, colhem os seus benefícios.
Não é por acaso que a Kroll enfrentou dificuldades para levar a auditoria a bom porto. Não é por acaso que os prevaricadores continuam impunes. E não será por acaso se nenhum deles um dia não enfrentar a barra da justiça. Esta é para os pobres, o povo.
O Presidente vem criando uma laboriosa teia política, aparentemente branda mas seguramente implacável…
Roma locuta causa finita (se Roma falou, acabou-se a questão).
E dizem que daqui a pouco teremos eleições…
DN – 25.08.2017