Quando o País se tornou Independente, as populações dessas áreas, não foram compensadas com nada e passaram a viver, pior que no tempo dos colonos.
Estes factos, narrados, que saíram da mente de um pseudo-visionário, que se julgava um grande líder, mas que não passava de um idiota que nunca conheceu a guerra, viveu sempre entrincheirado no campo de Nachingwea, protegido pelos Exércitos Chinês e Tanzaniano e, ao mesmo tempo, seus cúmplices, viviam à grande, como "Príncipes das Arábias", que se exibiam nas grandes cidades de Dar-es-Salaam, Lusaca ou outras. Estes, que hoje sem vergonha na cara procuram desmentir os factos reais dos acontecimentos descritos por mim, Zeca Caliate, sobre a luta armada na frente de Tete.
Acredito que ainda hoje, na Frelimo, há compatriotas que testemunham as realidades e, sobretudo quando pela primeira vez, atravessamos o rio Zambeze para o Sul e acampamos junto ao rio Daque e, dois dias depois, o comandante principal da guerrilha, que se chamava Elias Sigauque, decidiu abandonar o grosso do batalhão nas mãos do seu adjunto, comandante Zeca Caliate, ele e o dito comissário político do 4º sector Armando Tivane e o seu escrivão, chamado Cara Alegre Tembe, juntaram-se a um outro sujeito, de nome Manuel Mendes, que comandava um pelotão, foram procurar refugio, nas furnas da serra de Mágoè Velho e, ali permaneceram escondidos durante três meses, sem se comunicarem com a força principal dirigida por mim, Zeca Caliate, com a alcunha pela qual era conhecido na guerra, Henrique João de Ataíde.
Eu e muitos companheiros enfrentámos a ofensiva inimiga que se denominava, “CENTRO DE ANIQUILAMENTO DE GIBOIA”, pois nessa grande ofensiva militar, que o Exército Português desencadeou, em coligação, com as forças especiais Rodesianas e Sul Africanas, que visava o nosso aniquilamento total ou expulsão da região Sul para o Norte. Felizmente não conseguiram, devido à nossa bravura, travamos combates dia e noite contra as forças inimigas e, por fim saímos vitoriosos. Só mais tarde, quando eu e outros companheiros rechaçamos aquela ofensiva das forças inimigas, foi possível criar o comando no sector e fixar a base central sectorial, onde depois estabeleci os 7 destacamentos e nomeei os seus comandantes.
Posteriormente, criamos sub-bases, que o sector precisava e, nomeei os respetivos comandantes dessas sub-bases, conforme o ORGANIGRAMA ACIMA (Parte I) indica, que foi aprovado unanimemente pelo Comando Provincial. Fui eu, na minha qualidade de adjunto comandante com ajuda de outros companheiros, que organizamos todo o sector, muito antes de ser promovido a comandante do 4º sector, em 1972.
Este facto, foi testemunhado por alguns ex-companheiros que por medida de sua segurança, não irei mencionar seus nomes, com exceção de um, que era meu escrivão no sector e se chama Alcido Chivite, natural de Gaza, mas sabe que, Zeca Caliate, nunca foi pessoa de mentir e acompanhou toda a realidade do 4º sector. Por sua vez, o comandante Elias Sigauque com a sua comitiva de fugitivos, inclusive, o comissário político Armando Tivane, Cara Alegre Tembe e outros, quando souberam da cessação dos duros combates no sector, decidiram sair da toca onde se encontravam escondidos como de um bando de ladrões, se tratassem, naquela serra alta de Mágoè Velho, onde estiveram escondidos por mais de três meses, tempo que a ofensiva inimiga no sector durou e, incluía patrulhamento por parte de tropas terrestres e força aérea ao longo do rio Zambeze. Sigauque e os seus homens nunca saíram do buraco para disparar um único tiro sequer, contra o inimigo.
Só mais tarde, é que se lembraram, que o adjunto, comandante Henrique João de Ataíde com seus bravos homens tinham resistido e rechaçado, ataques inimigos e, quando chegaram à base central, pela primeira vez e, verificaram que tudo estava bem organizado, Sigauque e seus companheiros, não queriam acreditar o que encontraram, ficaram impressionados e surpreendidos com as posições defensivas que eu tinha organizado à volta da nossa base e ali tinham sido abatidos vários caças bombardeiros de Ian Smith e de Sul Africanos, quando tentavam atacar aquela base durante a ofensiva militar. Sigauque, Tivane e seus companheiros ficaram admirados e tiraram os bonés que traziam nas suas cabeças e homenagearam-me com cânticos revolucionários de um herói vivo, chamado Zeca Caliate.
Passaram alguns dias, quando Elias Sigauque, foi intimado a abandonar o 4º sector e regressar a base central da Província e foi substituído por Fernando Matavela, que não trouxe para o sector qualquer boa nova pois, era idoso e não fazia absolutamente nada, passava resto da vida a cortejar as raparigas do Destacamento Feminino e a dormir, para no dia seguinte, continuar a mesma cena. Eu, é que tudo fazia por ele, inclusive os planos de ação para o sector até 1972, quando foi retirado do sector, para comandar a guerrilha na frente de Manica e Sofala e, eu fui promovido a comandante do 4º sector.
No sector, houve muitos episódios, um dos quais, foi quando morreu baleado em combate, o comissário político e adjunto comandante do sector Armando Tivane, quando tentava perseguir um comando do exército colonial que tinha atacado e assaltado uma sub-base a poucos km da base central sectorial.
Os comandos, que tinham assaltado e capturado uma quantidade de armas ligeiras e munições, quando Armando Tivane com seu grupo ia contra -atacar, caiu numa cilada preparada pelo referido comando e foi atingido na nuca, tombando mortalmente. Esta cena, rolou nas cabeças, principalmente dos Sulistas, que me acusaram, porque tinha aceite o pedido do meu adjunto, para ir participar naquele combate contra o inimigo e isto não era a primeira vez que acontecia, pois infelizmente tinha acontecido várias vezes, aos chingondos, sem ninguém se interessar.
Tinha, também sucedido, com um importante comandante na zona de Kassuende, chamado Miguel Ferrão, natural de Mutarara, quando foi alvejado mortalmente no combate e ninguém se preocupou com a morte dele, por ser chingondo. Sebastião Marcos Mabote e José Moiane, não quiseram saber disso para nada e se marimbaram, quando tomaram conhecimento do facto.
Eu pessoalmente, quando fui alvejado, no primeiro ataque, do reinício de guerra, quando dirigia a operação no posto administrativo de Gago Coutinho “MALEUERA” no dia 8 de março de 1968, fiquei gravemente ferido e estive na selva, quase abandonado durante oito dias e mais tarde, fui evacuado para o Hospital de Petauke e, depois transferido para outro hospital de Katete, na Zâmbia.
Samora Machel e o seu amigo Joaquim Chissano, passaram a poucos metros do hospital, onde me encontrava meio esquecido pelos camaradas. O comissário político da Província, na altura, Alfredo Wassira, quando perguntou aos dois se passariam naquele hospital para cumprimentar o comandante Caliate, ambos responderem, que desejavam-me boa sorte e uma recuperação imediata, porque o comandante Zeca Caliate, fazia muita falta na Província de Tete.
Não podiam parar, porque estavam com pressa em chegar a Lusaca, onde destruíram toda a obra de vice-Presidente da Frelimo, Reverendo Uria Timóteo Simango. Essa atitude, foi duríssima para mim, mas, felizmente engoli e relativamente, a Armando Tivane, não me parecia uma coisa do outro mundo. São marcas e mágoas que ficam registadas para toda a vida.
De referir, que o meu sucessor, António Hama Thai, quando chegou ao 4º sector, em meados de 1972, encontrou tudo a funcionar normalmente e aceitei a sua nomeação feita por José Moiane, que o trazia para comandante da base de artilharia. Quando se casou com uma rapariga de Chimandawe, do distrito de Mocumbura, escolheu-me como seu padrinho de casamento e, parecia que tudo estava a correr bem, mas foi aí, que começou a fornecer informações falsas ao Pelembe, Moiane e Sebastião Mabote, sobre a minha pessoa, tendo eu mais tarde vindo a descobrir uma conspiração destes, que se preparavam para me assassinar, o que me levou a fugir e a entregar-me ao Exército Português.
Mais tarde, soube que, todos aqueles que eram meus colaboradores, em especial, alguns comandantes de Destacamentos e sub-bases, cujo seus nomes constam no Organigrama indicado na Parte I, foram por ele sumariamente julgados e assassinados, a sangue frio.
Existe outro testemunho vivo, que se chama Alcido Chivite, que era meu escrivão e colaborou comigo. Este conhecia bem a história sobre a luta pela Independência de Moçambique e por isso, não suporto ouvir mentiras, que alguns que conhecem a guerra, andam por aí a espalhar contra mim. Há bem pouco tempo, li um artigo escrito pelo falecido, José Phailane Moiane, onde este escrevia besteiras sobre Zeca Caliate, dizendo que deixei filhos com outras mulheres, nas bases do povo, que ele não foi capaz de apresentar provas e a mesma propaganda, encontrei nas páginas de panfletos mal escritos, no livro de João Facitela Pelembe.
Que confusão, eu tenho uma única filha, com a mulher com quem eu casei oficialmente durante a luta e que se chamava, Violeta Chabooka Zeca Caliate. A minha filha, chama-se Laurinda Zeca Caliate, a qual, quando a Frelimo chegou à Independência, usaram-na em comícios do Partido Frelimo, como se fosse um trofeu, chamando-lhe, filha do traidor Zeca Caliate.
Se eu não tivesse escapado à morte, que prepararam para mim, hoje chamar-me-iam herói da revolução, pois foi o que fizeram a muitos companheiros na verdade, porém, eles, José Moiane e o seu cúmplice João Pelembe, deixaram filhos abandonados no Niassa, Cabo Delgado e Tete, que hoje continuam a viver na miséria.
Como a nossa retaguarda, a guerra estava desenvolvida, houve restruturação do comando operacional e, assim a Província de Tete, foi dividida em sectores, o 1º, 2º, 3º e 4º sectores, este último era considerado o mais estratégico de todos, para o desenvolvimento de luta armada, que iria cobrir todo Sul e avançar, para as Províncias de Manica e Sofala, pois através do 4º sector, era possível ajudar os nossos irmãos de Zimbabwe. (FIM)
FUNGULANI MASSO, lembrem-se bem, QUEM NÃO LUTA PERDE SEMPRE, A LUTA É CONTÍNUA.
Zeca Caliate, General Chingòndo um dos sobreviventes da teia do mal Frelimo!
Europa, 24 de Agosto de 2017
(Recebido por email)
Vejam http://www.macua1.org/blog/caliate.htm
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