O Governo moçambicano assinou a candidatura do Parque Nacional das Quirimbas a Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO, abrindo caminho para a formalização do pedido na ONU.
Um comunicado da UNESCO distribuído esta quinta-feira (21.09.) em Maputo refere que a candidatura será imediatamente submetida ao Secretariado do Programa o Homem e a Biosfera (MAB, na sigla em inglês), em Paris, para avaliação pelo Comité de Coordenação Internacional da iniciativa.
A decisão final será tomada pela UNESCO no decurso da próxima reunião anual do Comité de Coordenação, no primeiro semestre de 2018, indica a nota de imprensa.
"A candidatura do Parque Nacional das Quirimbas a Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO constitui a concretização da plena inserção de Moçambique no quadro do Programa O Homem e a Biosfera da UNESCO", lê-se no texto.
Vontade de Moçambique em cooperar internacionalmente
Moçambique tem vindo a trabalhar para este objetivo que, sendo nacional, também dá expressão da vontade do país em cooperar internacionalmente de forma comprometida e responsável em favor dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, acrescenta a nota.
A UNESCO considera que com esta candidatura, Moçambique pretende participar ativamente na Rede Mundial de Reservas da Biosfera e, em particular, nas redes temáticas e geográficas, como são os casos da Rede Africana de Reservas da Biosfera (AfriMAB) e da Rede Mundial de Reservas da Biosfera em Ilhas e Zonas Costeiras (WNICBR), reforçando o papel e a presença de Moçambique no cenário internacional do Desenvolvimento Sustentável.
A nota descreve as reservas da biosfera como espaços que, por vocação, pretendem conjugar a conservação dos valores naturais, das espécies, ecossistemas e paisagens, marinhas e terrestres, a par da sua valorização e integração no modelo de desenvolvimento com base nas comunidades locais, reconhecendo a sua identidade, história e cultura.
Parque criado em 2002
Situado no norte de Moçambique, com uma área superior a 750 mil hectares, em terra e no mar, o parque foi criado em 2002 com o apoio da Agência Francesa para o Desenvolvimento e da ONG internacional Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla inglesa) pelo seu valor ambiental e arquitetónico.
As florestas da zona estão sob ameaça de empresas madeireiras e as espécies são alvo de caça furtiva, que já extinguiu a população de rinocerontes e tem reduzido significativamente a de elefantes, de acordo com a WWF.
Nos próximos anos, as atenções estão centradas para a construção da "cidade do gás" no vizinho distrito de Palma, fruto do início de exploração do gás natural da Bacia do Rovuma em 2022.
Num cenário recheado de ameaças, a UNESCO acredita que a classificação como Reserva da Biosfera vai trazer mais-valias.
"O reconhecimento internacional do Parque das Quirimbas como uma área de conservação de classe mundial, integrando a Rede Mundial de Reservas de Biosfera (WNBR) conduzirá a oportunidades de conservação, valorização e uso sustentável dos recursos naturais e do património cultural", referiu a organização, na altura do lançamento da consulta pública em junho passado.
As reservas de biosfera da UNESCO pretendem ser "áreas representativas dos ecossistemas terrestres, marinhos e costeiros mundiais", explica a organização.
DW – 21.09.2017