Censo Geral da População e Habitação já fechou completamente
Depois de o Instituto Nacional de Estatística (INE) ter-se mostrado esperançoso em assegurar o registo do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e seus homens durante os cerca de 30 dias daquilo que estatisticamente se considera “inquérito de cobertura”, esta terça-feira, o mediaFAX soube que afinal o líder da Renamo ficou mesmo fora das estatísticas oficiais. Ou seja, não foi possível registá-lo durante o inquérito de cobertura, alegadamente porque não houve qualquer manifestação de interesse por parte da Renamo, visto que Dhlakama está em “parte incerta”, algures na Serra da Gorongosa.
Apesar de se saber que o registo populacional não necessita necessariamente da presença dos que devem ser registados, o certo é que o INE diz que Afonso Dhlakama e os homens com quem está na “parte incerta” não puderam ser recenseados, o que significa que estão fora das estatísticas oficiais sobre a evolução populacional e habitacional. Nisto, acredita-se que os agentes do INE, responsáveis pelo inquérito de cobertura, tenham passado pelas residências oficialmente conhecidas de Afonso Dhlakama e não tenham tido qualquer indicação de um agregado familiar com esse nome.
As razões, segundo já o INE tinha publicamente explicado, se prendem ao facto de a Renamo não ter manifestado qualquer interesse de registo do seu líder.
“O líder da Renamo não foi recenseado. O inquérito de cobertura visa justamente identificar quem foi recenseado e quem não foi” – disse, ao mediaFAX, o porta-voz do INE, Cirilo Tembe.
A estimativa inicial do Censo Geral da População e Habitação, se sabe, era abranger 27.128.530 pessoas mas, dados tornados público num balanço preliminar feito um dia depois do fim do processo (15 de Agosto) indicavam a inscrição de 26.822.464, o correspondente a 98,9 da previsão inicial.
Apesar de o censo estar praticamente fechado, os dados mais actualizados ainda não são conhecidos tendo em conta que se está ainda a fazer a conciliação estatística dos dados.
Renamo reage
Entretanto, a Renamo considera o seu líder como cidadão devidamente recenseado, tendo em conta que o censo não é necessariamente presencial. “O recenseamento da população não é presencial. Portanto, quando o chefe da família não está, o poder fica com o filho mais velho ou com a esposa. Eles querem a presença do senhor Dhlakama para quê?” – questionou o porta-voz da Renamo, António Muchanga, mostrando suspeita e desconfiança em relação à real intenção das autoridades estatísticas nacionais. “Em Manica, o índice de cobertura foi de 80%, Zambézia 90, Tete 75 por cento...Vão recensear essas pessoas”, disparou Muchanga, defendendo que o INE tem muita gente por recensear, não havendo, por isso, necessidade de se querer saber onde se encontra o líder da Renamo. (Eduardo Conzo)
MEDIA FAX – 20.09.2017