EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (67)
Bom dia, Presidente. Pelo que então decidiram acabar com aquele número de circo de que a Polícia Municipal devia fiscalizar viaturas privadas!? Sei que não é da sua alçada, mas é uma forma de lhe cumprimentar. Há muito que não falamos. Desde sexta-feira passada.
Anda ai um outro assunto que vale a pena trazê-lo à baila. É o dos vidros fumados.
A Polícia finca o pé na sua decisão: vai continuar a fiscalizar e multar aos automobilistas cujas viaturas se apresentem com vidros fumados.
Eu, humildemente, acho que esta decisão da Polícia só peca por não fiscalizar as suas chefias. Os Mercedes-Benz governamentais têm vidros fumados.
Escondem os ladrões que empurraram este País à dívida escandalosa. São estas viaturas que deviam ser “desnudadas” para vermos a quem transportam. Por que nos impedem de vermos, bem, até que ponto engordaram certas pessoas depois do mega-saque feito ao Estado?
Com o povo a Polícia não vai ganhar nada. O seu campo de pasto não será tão amplo. Aliás, o povo nem tem viaturas.
Anda no My Love. O Presidente conhece o My Love? Não tem vidros. É para transportar gado. Ali molha-se quando chove. Pisam-se. Acotovelam-se.
Ninguém reclama. Dentro do My Love todos são filhos da mesma mãe. O cheiro a catinga de cada um transforma-se em jasmim. No My Love não existem classes sociais, castas. Nestes tempo de Inverno até se abraçam para afugentar o frio.
Em abono da verdade, em nenhum outro país vi uma Polícia de Trânsito tão competente como a nossa. Fiscaliza tudo e mais alguma coisa. Os agentes têm viaturas particulares. Às manhãs não precisam de passar pelo Comando.
Vão directamente ao seu campo do pasto. Até chegam cedo. Antes das cinco horas da manhã. Provavelmente são os únicos trabalhadores exemplares no Aparelho do Estado.
Às noites ficam até amanhecer. Quer faça frio ou caia chuva. Só pecam porque o seu brio profissional assusta os estrangeiros. Principalmente turistas vindos da vizinha África do Sul. É que estes não estão habituados a portagens ambulantes que até medram, às estradas, como cogumelos. Em Inhambane os donos das instâncias turísticas reclamam por falta de turistas. Das duas uma: vamos tirar a nossa Polícia competente das estradas ou vamos satisfazer o capricho de alguns empresários que pagam impostos para que a vaca leiteira tenha leite suficiente? Um abraço, Presidente
DN - 01.09.2017