O jornal electrónico Correio da manhã reporta na sua edição 5165 da terça-feira desta semana que o líder da Renamo, Afonso Macacho Marceta Dhlakama, anunciou numa reunião da Comissão Política do seu partido que chegou a um acordo com o presidente Filipe Jacinto Nyusi para que os governadores provinciais sejam eleitos a partir do pleito previsto em 2019.
Desde 1975, os governadores provinciais são nomeados pelo Presidente da República, mesmo nas províncias onde a Frelimo no poder perdeu o apoio da maioria.
Quero acreditar que Afonso Dhlakama não está a mentir. A ser verdade quero igualmente acreditar que seja parte significativa de solução dos sistemáticos conflitos armados que têm ceifado vidas humanas inocentes e atrasando o desenvolvimento socioeconómico do país. Espero também que esse acordo seja ratificado pela Assembleia da República, a escolinha de barulho dominada pela Frelimo, liderada por Filipe Nyusi.
Segundo o mesmo jornal, o Presidente Nyusi anunciou em Maputo que haverá processos conjugados e necessários de estabelecimento, organização, adequação e coordenação de novas acções, num xadrez diferente na constituição das Forças Armadas.
Em minha interpretação, este discurso do Comandante-Chefe das Forcas Armadas de Defesa de Moçambique em plena sede do Estado Maior-General do Exercito é Kuxakanema para o verdadeiro filme de alteração da linha de comando das Forças Armadas sempre dominada por delfins da Frelimo, por inerência da sua maioria no cenário político nacional herdada da libertação do país do jugo colonial português.
A Renamo exige que os seus oficiais nas Forças de Defesa e Segurança (FDS) ocupem posições de chefia de facto e não lugares cosméticos.
Para Dhlakama, as FDS devem ser apartidárias, mas exigir posições de chefia não cheira a despartidarização da classe castrense. De qualquer forma, se Nyusi aceita a mudança do xadrez para ganhar a paz duradoira está tudo bem e de parabéns. Mas Afonso Dhlakama deve garantir que os seus oficiais vão comportar-se como militares profissionais responsáveis e respeitem a voz de comando do comandante-chefe como aconteceu com o General Mateus Ngonyamo ora na reserva.
O povo quer a paz para fazer a sua vida no campo e deixar os políticos e outros espertos roubarem na cidade.
Na África do Sul, de onde escrevo este artigo, o sistema de eleição de governadores provinciais decorre sem problemas.
A província do Cabo Ocidental é governada pela oposição desde 1999 e o ANC governa todo o país. A governadora e a presidente do município do Cabo são da Aliança Democrática (AD).
Há dias vi na Televisão de Moçambique uma reportagem de Nampula sobre equipamento de transformação de água salgada em água potável para o consumo humano. É uma iniciativa importada da província do Cabo Ocidental pelo governador Victor Borges na sequência da sua visita em 2016.
O povo pobre também merece o bem-estar e não importa se o governador é da oposição ou da Frelimo.
THANGANI WA TIYANI
CORREIO DA MANHÃ – 27.09.2017