Uma grande reviravolta na governação moçambicana
Há bem pouco tempo, o conceituado escritor Mia Couto, defendeu que o partido no poder deve saber aceitar ideias contrárias e que, nas instituições, as pessoas não devem ser dirigentes pela cor partidária. “Exijam a esses chefes que sejam competentes, que sejam patriotas, que se dediquem, defendam os interesses da cidade, do país. Às vezes, as pessoas honestas fazem isto (chefiar) melhor que os ´camaradas´ que não são tão honestos”, disse.
Esta aula que correu pelo território moçambicano como um rastilho de pólvora já esta a dar resultados positivos. Pela primeira vez em toda a história da governação do partido de Mondlane, Samora, Chissano, Guebuza e Nyusi, FRELIMO, uma administradora demonstra postura de governação apartidária e imparcial.
No presente mês do 11º Congresso do partido cinquentenário, do batuque e da maçaroca, a administradora do distrito de Namacurra, Calídia Esperança Fernando, decide tomar uma nova postura de governação. Pautando pela forma democrática, tornou-se a “figura” preferida dos membros e simpatizantes dos partidos da oposição daquela vila, que nos últimos tempos tem vindo a elogiar constantemente a sua forma apartidária de trabalhar.
A governante daquele distrito tem trabalhado de maneira transparente de modo a agraciar a todos os cidadãos. Membros destacados a nível do distrito pertencentes ao maior partido da oposição, Renamo, apertam a sua mão como símbolo de reconhecimento de boa prestação de serviços públicos, facto que deixa a administradora mais orgulhosa e confiante da sua prestação como servidora pública.
O último episódio que revela a imparcialidade na governação da Administradora daquele distrito deu-se, no sábado último do corrente mês, quando o representante do partido Frelimo a nível distrital marcou uma visita de trabalho naquela que é a maior e a mais conceituada instituição pública de ensino a nível do distrito de Namacurra, no intuito de se reunir com os professores e a direcção da escola.
Segundo o Director daquela instituição de ensino, Luís da Silva Mário, Instrutor Técnico Pedagógico N1 de carreira, a administradora do distrito, em chamada telefónica e presencialmente o advertiu insistentemente a, impedir o partido Frelimo e seus dirigentes a nível do distrito de se reunir naquela escola, por se tratar de uma instituição pública e a lei estar bem clara quanto a questão da despartidarização das instituições do aparelho do Estado. Assim, “orientei ao 1º secretário do comité de círculo (do partido Frelimo) da Escola para se retirarem do recinto escolar e se aglomerarem na sede daquele partido, e acolher a reunião com o seu 1º Secretário Distrital” disse o director.
Como disse recentemente o escritor Mia Couto “a Frelimo não deve obrigar aos seus dirigentes a serem membros do seu partido” Namacurra torna-se desta feita um bom exemplo de governação a nível nacional.
Até onde se sabe, a reunião entre os funcionários daquela Escola e o representante do partido de Filipe Nyusi naquele ponto do país não ocorreu.
Esta é apenas uma daquelas histórias no nosso país em que os nossos governantes deveriam se orgulhar e seguir como exemplo. “Trabalhar na Zambézia de forma apartidária e não apenas defender a cor partidária já é uma realidade” dizem alguns membros da sociedade civil.
Por Antónimo Domingo da Graça
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