O tambor e a maçaroca, símbolos da Frelimo, estão por todo o lado, nas camisas, nos vestidos, nos bonés, lenços e cachecóis de centenas de pessoas que inundam as ruas.
Andam de par com a cara de Filipe Nyusi, estampada ao peito, nas costas, a pender ou justo ao corpo.
"Confio em ti, Filipe Nyusi", lê-se, tudo desenhado sobre tecidos vermelhos, cor da luta que começou há 55 anos no primeiro congresso da Frelimo.
Para entrar no 11.º congresso, a luta de parte dos delegados, convidados e jornalistas é conseguir o crachá de acesso, numa entrada apinhada. São quase 08:00.
Afinal não há crachás e é preciso deitar mão a uma lista de credenciação que anda a circular por ali para cada um descobrir o seu próprio nome.
Confusão? Não, é a vitalidade do partido, diz quem está do lado de lá da vedação.
São cerca de 4.000 pessoas reunidas até domingo num pavilhão de congressos novinho em folha a que o portal da Frelimo chama "a catedral".
As ‘vuvuzelas' ressuscitaram e estão todas lá dentro onde os delegados das 11 províncias fazem claques, mas aqui todos apoiam a mesma equipa.
O presidente do partido - e único candidato conhecido à liderança - está quase a chegar, avisa o mestre de cerimónias.
"Está quase a chegar", grita e repete cada vez mais alto.
A luta dele é sobrepor-se à multidão que está em festa. O discurso de saudação ao presidente é feito pelas crianças - o movimento Continuadores, uma das organizações da Frelimo.
"Papai Nyusi, as crianças confiam ti", proclamam. Nyusi levanta-se para cantar com elas e depois acelera o protocolo.
No discurso, justifica-se: o desenvolvimento não pode esperar e o plano é ambicioso.
Filipe Nyusi quer levar o país a crescer "entre sete a 10%" ao ano entre 2020 e 2025 - a previsão para este ano é de 4,7%.
O congresso servirá para traçar o programa de Governo para lá chegar nas eleições de 2019.
Antes haverá eleições autárquicas, a 10 de Outubro de 2018, e os programas municipais também vão ser discutidos no encontro.
Seja numa frente ou noutra, 55 anos depois do primeiro congresso, a estratégia para a luta está definida: "um combate sem tréguas à corrupção. É o mais urgente e vital de todos os desafios", apontou Filipe Nyusi no discurso de abertura.
Prioridade destacada numa altura em que o país tenta descobrir para onde foram dois mil milhões de euros de dívida oculta contraída pelo Estado entre 2013 e 2014 e que afundou o país numa crise de que tenta sair.
Lusa – 26.09.2017