O serviço de mensagens instantâneas WhatsApp passou a estar inacessível na China, num sinal de reforço da censura, nas vésperas do congresso do Partido Comunista Chinês, o mais importante evento na agenda política do país.
Desde a semana passada, os servidores do WhatsApp no país começaram a sofrer bloqueios intermitentes. No fim de semana, a aplicação passou a estar permanentemente bloqueada.
O WhatsApp, que encripta as suas mensagens, dificultando a monitorização por terceiros, é utilizado na China por dissidentes e activistas, como forma de evitar os serviços de mensagens domésticos, obrigados a partilhar informação com o regime.
Casos envolvendo mensagens enviadas a partir do Wechat - equivalente chinês ao WhatsApp - resultaram já em prisão.
Num caso difundido esta semana pela imprensa chinesa, um homem que escreveu "junta-te comigo ao EI [Estado Islâmico]" num grupo de chat, em jeito de brincadeira, foi condenado a nove meses de prisão, por promover o terrorismo.
O Wechat, que pertence à gigante chinesa da Internet Tencent, censura frequentemente mensagens contendo palavras politicamente sensíveis, como 04 de Junho de 1989 (data do massacre de Tiananmen).
Em 18 de Outubro, arranca o XIX Congresso do Partido Comunista Chinês, no qual se escolhe a liderança do país para os próximos cinco anos.
Em Julho, os usuários do WhatsApp começaram a registar problemas na partilha de fotos e vídeos.
Este mês, a Administração do Ciberespaço da China publicou um regulamento, no qual estabelece que as empresas do sector devem verificar as identidades reais dos membros em grupos de conversação no espaço 'online' e reforçar o controlo sobre os comentários feitos 'online'.
A censura chinesa bloqueia o Facebook, Youtube e Google ou ferramentas como o Dropbox e o WeTransfer.
As versões electrónicas de vários órgãos de comunicação estrangeiros também estão bloqueadas no país.
Desde de que ascendeu ao poder, em 2012, o Presidente chinês defende a noção de um "ciberespaço soberano", ou o direito de Pequim de ditar o que os 730 milhões de internautas podem fazer ou ver na rede.
Lusa – 26.09.2017