Alertam para a realidade do "mercado informal"
A aplicação do Imposto de Valor Acrescentando (IVA) em Angola deverá demorar algum tempo devido à complexidade burocrática que isso vai requerer, dizem especialistas angolanos.
O Governo anunciou recentemente a intenção de introduzir o IVA como meio de arrecadar receitas, principalmente para a Saúde.
O economista do Centro de Investigação Cientifica da Universidade Católica Precioso Domingos considera que a introdução do IVA requer uma estrutura económica bem oleada e neste momento Angola ainda não possui.
"Acho que é necessário que a contabilidade e o sistema esteja muito bem organizado, de modo a que já não acredito que o país tenha condições para o IVA”, afirma, lembrando que o sistema poderá ser introduzido “quem sabe daqui a dois anos se houver vontade ou empenho”.
José Severino, presidente da Associação Industrial Angolana (AIA) pensa da mesma maneira.
“É um problema complexo em que é preciso uma grande organização contabilística nas empresas e no Estado, mas mesmo em África há poucos países sem IVA, e é um mecanismo importante para o Estado arrecadar receitas”, afirma.
Severino fez notar ainda que não será possível o Governo aplicar o IVA no mercado informal, opinião compartilhada pelo economista José Coata.
"Não é possível a coabitação do IVA com o mercado informal, o Estado deve fazer com que quem esteja no mercado informal seja atraído para o formal já que tudo que é feito no mercado informal o estado não consegue controlar", acrescentou.
Coato, entretanto, afirma que na sua opinião há condições para se aplicar já o IVA no mercado formal.
"Acho que as empresas e outros agentes económicos estão preparados para verem o IVA na nossa economia”, conclui.
VOA – 30.10.2017