É autorizado o Governo a contrair empréstimos externos, desde que a conjugação da taxa de juro, período de diferimento e de amortização e/ou outras condições resultem em financiamento concessional
A proposta do Orçamento do Estado (OE) e as respectivas fundamentações para o ano de 2018, a serem aprovadas em Dezembro próximo pelo Parlamento moçambicano, prevêem que o Governo contraia novos empréstimos externos.
“É autorizado o Governo a contrair empréstimos externos, desde que a conjugação da taxa de juro, período de diferimento e de amortização e/ou outras condições resultem em financiamento concessional”, lê-se no documento a cuja cópia o Correio da manhã teve acesso.
Acrescentando, porém, que se exceptuam do número anterior os empréstimos externos destinados ao financiamento de projectos/ programas com viabilidade económica e social e intervenções de emergência, tomando em consideração asustentabilidade da dívida do país.
Nos casos em que o acordo com o credor não defina as condições de repasse, é autorizado o Executivo de Filipe Nyusi a repassar a dívida na moeda original, assumindo o beneficiário o risco cambial, desde que se observem cumulativamente alguns requisitos.
Dos requisitos, destaca-se o facto de o prazo de amortização não dever ser superior ao da vida útil do projecto, o período de deferimento estende-se até ao início da geração das receitas, sendo a sua determinação fixada numa base casuística e são devidos juros e, por fim, a taxa de juro não deve ser inferior à do acordo assinado com o credor.
Na mesma ordem, e segundo a proposta do OE para o próximo ano, já depositado na Comissão de Plano e Orçamento da Assembleia da República (AR), é autorizado ainda o Governo a emitir garantias e avales no montante máximo de 30,8 biliões de meticais.
Em termos de fundamentação, o OE para 2018 materializa a política financeira do Estado, em conformidade com os objectivos do Plano Económico e Social (PES) para o mesmo ano, e operacionaliza o Programa Quinquenal do Governo (2015- 2019).
Neste contexto, a política orçamental para o próximo ano assenta na consolidação fiscal, traduzida essencialmente na melhoria da arrecadação de receitas internas e na racionalização da despesa pública, com vista ao alcance e manutenção de um equilíbrio orçamental sustentável.
Mau exemplo do passado
De referir que o Estado moçambicano está na “berlinda” após terem sido descobertos empréstimos externos ocultos de mais de dois biliões de dólares norte-americanos, contraídos no último mandato de Armando Guebuza.
Oficialmente, os empréstimos foram contraídos a favor de três empresas públicas, nomeadamente, a Proindicus, EMATUM e Mozambique Asset Management (MAM), uma operação que continua um tabu nos corredores do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BIRD).
Essa mega-operação obrigou os doadores externos de Moçambique a congelar o seu financiamento directo ao OE do país, desde Abril do ano passado.
edson arante
CM – 16.10.2017