do lado da evidência
Com o assassinato de Mahamudo Amurane a direcção máxima do Movimento Democrático de Moçamb ique (MDM) começou a revelar sinais de desagregação geral da sua estrutura perene.
Manuel Tocova, que dirige interinamente o município de Nampula, sob batuta da “malta da Beira”, exonerou numa assentada seis vereadores, directores e cinco chefes de posto urbano e, no lugar destes, indicou partidários do MDM que haviam sido exonerados por Mahamudo Amurane por manifestas práticas de corrupção.
É sabido, porque tornado público, que Mahamudo Amurane se notabilizou com acções práticas no combate à corrupção e ao nepotismo que eram propostos pela liderança do partido e, infelizmente, acabou assassinado, adensando suspeitas de que os seus oponentes internos poderiam também ter interesse na sua eliminação física.
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que nasceu da fragmentação da Renamo, há muito que entrou em decomposição em Nampula, o maior círculo eleitoral do país, devido a alegados problemas de cariz tribal, nepotismo e corrupção...
Nas entrelinhas da última grande entrevista de Manuel de Araújo, um hábil político de enorme capital naquela jovem formação partidária, que lidera os destinos de Quelimane, capital da Zambézia, voltou a revelar que a indicação de membros do MDM deveria ser na base de eleição directa e não por nomeação, como forma de transparência nos processos internos.
Aliás, nessa entrevista ao “Savana” Araújo praticamente subscreveu as preocupações de Amurane no que tange à interferência da direcção do partido nas gestões municipais nas mãos desta formação política, que parece estar a ir para o precipício.
Quer dizer, temos no meio da jovem oposição a reprodução de modelos com requintes facistas e tribais à mistura que eles mesmo almejam combater em fase de pura propaganda!
Entre os nomeados de Manuel Tocova estão Sérgio Artur e Eugênio Estêvão de Fátima, e ambos haviam sido exonerados por Amurane por alegado envolvimento em actos de corrupção. Mais a auditoria às contas do município por membros da MDM vindos do município da Beira, província de Sofala, é sinal inequívoco de que Daviz Simango despiu o título de engenheiro e vestiu as botas e o capacete de pedreiro.
Não deve ser nestes moldes que o MDM se vai afirmar.
A nomeação de pessoas que tinham sido exoneradas por Amurane indiciadas de corrupção leva a população a desconfiar dos objectivos de Tocova como presidente interino.
Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: MDM está a dar tiros nos próprios pés?
Luis Nachote
CM – 27.10.2017