- Entretanto, numa acção levada a cabo pela ANAC e parceiros, já foi possível capturar 19 dos cerca de 100 animais que circulam no posto administrativo de Catuane, em Matutuíne
Cerca de uma centena de búfalos estão à solta no povoado de Manhangane, posto administrativo de Catuane, distrito de Matutuíne, na província de Maputo. Os animais, que ainda não causaram nenhuma vítima humana, têm estado a devastar algumas machambas, para além de constituírem um perigo à vida da população.
Alertado sobre a circulação daqueles animais, cujo número tende a multiplicar-se, e, ciente do perigo que os mesmos representam para a comunidade, a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) em parceria com a Peace Park Fundation (Fundação de Parques da Paz), contando com o apoio de uma firma sul-africana especializada na captura de animais, está desde segunda-feira, em processo de localização e captura dos animais para a Reserva Especial de Maputo, área de conservação localizada no distrito de Matutuíne, na província de Maputo.
Com efeito, na passada segunda-feira, primeiro dia da operação, foram capturados 19 búfalos, numa operação que durou cerca de duas horas. Para o alcance do objectivo, a equipa, composta por sul-africanos e moçambicanos, recorreu a ajuda de um helicóptero e uma viatura previamente preparada para a acção de perseguição dos animais para o local de captura.
Gvant Tracy, coordenador da operação de captura dos animais, disse a jornalistas, momentos após ter-se testemunhado a captura dos 19 animais, que a operação poderá ser concluída em pelo menos cinco dias, a contar desde a passada segunda-feira.
Por seu turno, Agostinho António, residente e trabalhador de uma das farmas em Catuane, disse, quando questionado sobre possíveis estragos causados pelos búfalos, que dada à situação da seca que se verificou no ano passado, pode-se dizer que os estragos não foram alarmantes, visto que não houve produção agrícola.
Contudo, anotou que algumas machambas foram devastadas pelos animais. “É perigoso ter estes animais aqui, não sabemos quantas machambas foram estragadas, mas já foram estragadas algumas”, disse Agostinho António acrescentando que a primeira vez que viu um búfalo naquele local foi em 2014, mas em número muito reduzido.
Proveniência dos animais
Entretanto, o chefe de fiscalização da Reserva Especial de Maputo, área para onde estão a ser translocados os animais, apontou que tudo indica que os animais atravessaram a fronteira moçambicana, idos de algumas áreas de conservação da vizinha África do Sul. Importa ressalvar que periodicamente, os animais tem circulado naquela região entre Moçambique e África do Sul, no âmbito da gestão transfronteiriça rubricada entre os dois Estados, em que os animais moçambicanos podem se deslocar a África do Sul e vice-versa.
“Nós como estamos na Reserva de Maputo, estamos muito próximo da fronteira com a África do Sul e da Suazilândia. A informação que temos é que os búfalos saíram da Reserva de Ndumo, na África do Sul e entraram para a zona de Catuane”, apontou Natércio Ngovene.
Porém, para as autoridades administrativas da Reserva de Maputo, a presença daqueles animais representa uma enorme alegria, uma vez que a Reserva Especial de Maputo possuía apenas cinco (5) búfalos.
No que tange ao potencial turístico, a fonte apontou que com a entrada daqueles animais, a Reserva poderá incrementar o seu potencial turístico, e dai elevar o nível das receitas.
Caça Furtiva
Relativamente à caça furtiva, principal mal que afecta as áreas de conservação da fauna bravia no país, o chefe de fiscalização da Reserva Especial de Maputo, Natércio Ngovene, afirmou que tal já não constitui problema no espaço sob sua jurisdição.
Porém, a administração desta área de conservação explica que a manutenção de esforços para combater os furtivos, aliada à sensibilização das comunidades residentes junto à reserva, no sentido de não matarem os animais são, entre outros, os factores que contribuíram para estancar a caça furtiva naquele local.
“Estamos sempre prontos contra a acção dos furtivos, estamos a trabalhar e posso dizer que a caça furtiva já está controlada aqui na Reserva Especial de Maputo”, sublinhou Natércio Ngovene. (Benedito Luís)
MEDIA FAX – 29.11.2017