O ministro das Finanças de Moçambique considera que o país precisa de voltar a ter um programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI), apesar de o tema estar fora da agenda da missão que chega na quinta-feira ao país.
"Nós precisamos de dinheiro, nós precisamos do programa, é preciso ficar claro", referiu o governante na última intervenção pública em que abordou a relação com o fundo e em que perspetivou a visita.
Adriano Maleiane falava no início do mês numa conferência internacional promovida pelo jornal Financial Times, em Maputo.
O ministro deu exemplos de reformas em perspetiva nas contas públicas de Moçambique e referiu que "toda a consolidação fiscal vai exigir dinheiro".
A reforma da folha salarial do Estado e consequentes aposentações exige um reforço de 300 milhões de dólares para o Instituto Nacional de Previdência Social, "só para atribuir fundos e pagar responsabilidades passadas", referiu.
Noutro exemplo, disse serem necessários 305 milhões de dólares para fazer face à dívida acumulada junto do setor empresarial desde 2009.
"E se pegar nas empresas públicas e reestruturá-las" a soma de todos estes processos ascende a mil milhões.
Face às verbas necessárias, "o FMI precisa de estar connosco", até porque "é o catalisador" do financiamento de outros parceiros, realçou Adriano Maleiane.
A missão que vai chegar na quinta-feira a Maputo vai discutir com as autoridades moçambicanas a evolução da economia do país e o processo das dívidas ocultas de dois mil milhões de dólares, que levou à suspensão do programa com o FMI em 2016.
"Estamos a trabalhar com o fundo, temos que ultrapassar isso", sublinhou.
"Pensamos que estamos a caminhar muito bem para que a situação seja clarificada. Penso que tudo está a ser feito para termos a situação normalizada com todos as atores, incluindo particularmente os credores, porque precisamos também deles no futuro", referiu.
Maleiane espera que a visita, com encontros a decorrer de 30 de novembro a 13 de dezembro, sirva para um "balanço".
O fundo visita Moçambique ao abrigo do artigo quarto dos seus estatutos, que prevê consultas aos estados membros, mesmo sem programa financeiro em vigor.
O último encontro entre Moçambique e FMI ao abrigo do artigo quarto decorreu em outubro de 2015, recordou o ministro das Finanças.
LFO // VM
Lusa – 29.11.2017