Por Capitão Manuel Bernardo Gondola
Em 2018 vamos valorizar mais as pessoas do que as coisas.
Vamos procurar dar trabalho ao maior número possível de pessoas. Talvez não estejamos, desta forma, produzindo directamente mais riquezas, mas estaremos certamente conferindo mais dignidade a um número maior de famílias moçambicanas.
Vamos também valorizar as pessoas, dando a cada uma habitação condigna, uma possibilidade de cada uma participar efectivamente no desenvolvimento do país, não só demagogicamente, mas através de uma parcela de seu resultado económico, mas principalmente através da participação na construção de seus resultados.
Vamos valorizar os salários, as pequenas empresas, aquelas em que o relacionamento humano ainda prevalece e as pessoas não se transformam em peças de engrenagens.
Vamos valorizar a obra das nossas próprias mãos, o nosso próprio trabalho e suor, fazendo-o simplesmente bem melhor, deixando para lá a «mentira e o desleixo».
Vamos valorizar as nossas Escolas primárias e Universidades, nossos meios de comunicação social, nossas famílias, fazendo deles muito mais do que focos de preocupação económica, mas locais de transmissão de valores éticos, que tanto abandonamos nestas últimas décadas.
Em 2018 vamos valorizar o futuro, as gerações dos nossos filhos e netos, que têm o direito de esperar que nossa avidez, nossa ganância e nossa sede de lucro imediato não inviabilizem o mundo que lhes deixarmos.
Você vê, desde que os escândalos surgiram no país despertou a consciência pública sobre a moralidade nas nossas Instituições nacionais. E…, por consequência esclarecer valores em Moçambique ficou uma tarefa nada fácil. Pela mesma razão; as pessoas que entram em contacto com a ética pela primeira vez ficam frequentemente desapontadas ao descobrir, que nem políticos, nem os dirigentes podem oferecer-lhes princípios que irão resolver seus dilemas. Talvez o melhor que podem esperar é alcançar uma auto-compreensão melhor.
Destarte, vamos fazer de 2018, o ano de uma verdadeira independência ética contra:
Corrupção, relatórios distorcidos, inadimplência/fraude, deslealdade, indisciplina no trabalho, ociosidade, gatunice, peculato, má qualidade de ensino, favoritismo, conflito de interesses, falsidade ideológica e…, etc etc.
Acontece, que em Moçambique, esta lista deveria ser acrescida de um item que adquire uma importância cada vez maior. É a filosofia do «desleixo», que vem se manifestando em todos os aspectos da vida nacional.
A clareza, afrouxamento nítido entre o certo e o errado, sem normas éticas vinculativas, sem padrões ou sem modelos de referência, que infelizmente não se ensina mais nas Escolas primárias, Universidades e nas famílias e que se pratica cada vez menos na actividade profissional, traz para o país, sem que se perceba, um imenso volume de problemas.
Mas, será que as Escolas, Universidades e as famílias podem ensinar a ética a partir de 2018?
A resposta a pergunta deveria ser evidente: os acontecimentos dramáticos do ano que agora está reconhecendo seu fim e já no limiar do novo ano inscrevem a necessidade da ética, pelo menos face aos abundantes exemplos negativos, para a nossa sobrevivência. Ao lado, todos aqueles que ganham a vida expondo os delitos dos outros têm uma necessidade especial esta mensagem mas, as decisões difíceis ainda estão ali para serem tomadas, seja directamente ou por omissão; quando por
exemplo deixamos implícito que a integridade é um factor inerente ao carácter da pessoa, estamos a afirmar que, de facto, o papel da Escola, da Universidade e das famílias é, providenciar orientações sobre como devemos fazer escolhas éticas.
Sob outros aspectos, se tudo que somos hoje é fruto das nossas acções, as acções que desempenhamos no presente. Mas creio, que se realmente quisermos, um dia, nos relacionarmos em termos de responsabilidade, seguramente seremos felizes.
Destarte, quando entendermos isto, perceberemos todos a grande responsabilidade que temos pelo pensamento, palavra ou acção que desempenamos.
Por último; você vê, está em nossas mãos escolher o futuro que desejarmos a partir do ano de 2018.
Manuel Bernardo Gondola