O governo do distrito de Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, diz ter identificado Nuro Adremane como líder do grupo que está a aterrorizar, desde Outubro, a região, coadjuvado por Jafar Alawi.
Neste momento, os dois cidadãos, naturais de Mocímboa da Praia e proprietários de uma mesquita, encontram-se fugitivos e, segundo o administrador distrital, Rodrigo Parruque, citado pelo Notícias de Maputo, motivações religiosas visando exaltar doutrinas não comuns na religião muçulmana foram a causa dos actos protagonizados pelo grupo.
O objectivo era desacreditar as acções governativas e institucionalizar uma região autónoma, sem Governo, contrariando os princípios do próprio islão. Estas informações, segundo o jornal, constam do informe do governo distrital apresentado semana finda ao governador provincial, Júlio Parruque, que visitou o distrito.
O informe indica ainda que os extremistas estudam as doutrinas religiosas na Tanzania, Sudão e Arabia Saudita, fora do controlo das instituições formais, recebem treinos militares, aprendem a manusear armas de fogo e brancas.
Segundo o administrador, o grupo continua a fazer incursões criminosas na região, sendo o caso mais recente o assassinato de duas pessoas e ferimento de outras duas na última sexta-feira, e o incêndio de 27 casas na aldeia Mitumbate, que neste momento se encontra abandonada pelos residentes.
Entretanto, Rodrigo Parruque mostrou-se desapontado pela atitude dos órgãos de administração da justiça, que estão a soltar os detidos em conexão com os ataques em Mocímboa da Praia, o que, na sua opinião, pode trazer outros conflitos nas comunidades locais.
Sobre esta preocupação, o governador juntou-se ao governo local para condenar a atitude, afirmando que o assunto de Mocímboa da Praia mexe com a soberania nacional, por isso as instituições do Estado, incluindo o poder judicial, deviam estar sincronizados.
O governo distrital disse que o grupo de atacantes é integrado, maioritariamente, por moçambicanos naturais dos distritos de Macomia, Mocímboa da Praia e Palma, mas também por estrangeiros de nacionalidade tanzaniana e somali.
Dirigindo-se à população num comício popular, o governador apelou aos residentes de Mutumbane, que se encontram refugiados na vila-sede, para voltarem à aldeia, alegadamente porque a situação está calma e as forças de defesa e segurança estão no terreno para os proteger.
FF
AIM – 05.12.2017