CENTELHA por Viriato Caetano Dias ([email protected] )
O que é preciso é saber viver pela Pátria. Não é saber morrer por ela (…). Se nós morrermos, a Pátria também não fica viva. José Hermano Saraiva, historiador português (1919-2012).
O primeiro furúnculo: sexta-feira e sábado o país dorme.
Não há produção nem produtividade (a interligação dos diferentes sectores de actividades e “os meios aplicados na produção”). Os jovens, parte essencial da sociedade activa moçambicana, entram em sessões etílicas. No bar, embriagados pela campanha promocional 4/100, a maior parte dos jovens considera-se milionários: gastam os poucos vinténs que conseguem amealhar. Se os nossos inimigos decidissem invadir Moçambique, sexta-feira e sábado, não teriam grandes esforços. São igualmente dias de “tesão”, pois a sociedade perde seus valores e deixa-se levar pelos excessos e apetites desenfreados.
O segundo furúnculo: as oficinas do conhecimento (Universidades, institutos, escolas, etc.), não produzirem patavina. Não há organização de colóquios, não há seminários, não há actividades de contacto com o meio social (pesquisa de campo, actividades extra-curriculares), enfim, o ensino está desligado do país e o país do ensino. As férias escolares servem para os estudantes desaprenderem o que aprendem durante o ano lectivo, devido a um periclitante vazio e ociosidade existentes, que mortifica o cérebro.
Diz o ditado que “mente vazia é oficina do diabo.”
O terceiro furúnculo: os jornais moçambicanos (incluindo aqueles que se dedicam a colagem de informação) ficam, durante o fim-de-semana, em letargia.
É como se o país não existisse.
Como se não ocorresse nada, um verdadeiro apagão. Uma imprensa que contraria o seu principal ditame (manter a sociedade informada e promover a cidadania).
Admira-me que um país glorioso como o nosso, que travou grandes batalhas contra o colonialismo e suas “caudas”, esteja a perder a consciência do próprio mérito.
Promove-se a frivolidade em detrimento daquilo que é útil ou essencial.
Barracas, poluição sonora, nudismo, carniças que provocam problemas de saúde pública (obesidade mórbida), cervejadas que incham barrigas, prostituição (infantil) constituem hoje os condimentos de uma sociedade que perde diariamente a batalha do prestígio.
Faltam igrejas sérias, descomprometidas com o “vil metal”, para pulverizar os malefícios sociais causados pelos “cancros” acima elencados.
Estamos a construir uma sociedade sem futuro. Prefiro uma sociedade de gente livre, capaz de pensar e agir pela sua própria cabeça. Em suma, uma sociedade sem excessos (os excessos pagam-se caros).
O governo do meu país parece gostar desta “filosofia de vida.” Porque quanto mais uma população se embebeda, ela abdica de pensar e de interrogar o poder político.
Uma população que capitaliza o álcool e usa os finais-de-semana para fazer jus à ideia de que “os africanos estão amarrados ao alcoolismo”, deixa de exercer a cidadania, torna-se num instrumento do mal. E mais: torna-se menos racional, menos activo e menos resiliente face aos abusos dos direitos humanos. Há que rebentar esses fruncos para que o futuro do nosso país não seja entregue a gente fraca.
Zicomo e um abraço nhúngue ao Munongoro.
NOTA: Os bens materiais pouco me interessam e não aforro. Prefiro a amizade desinteressada.
O que sinto por Mugabe é mais do que uma “admiração.” É o prazer de ser contemporâneo de um homem que libertou o seu povo e a terra, deu identidade e proporcionou o bem-estar a todos os zimbabweanos. Eu sou um africano (preto) que ganhou a sua liberdade graças a coragem de líderes como Robert Mugabe, Samora Machel, Agostinho Neto, etc. Por isso, tenho-os como heróis.
Não seria o senhor Zequinha, entre outros lacaios do imperialismo, que me fariam vergar. O meu “pai adoptivo”, Robert Mugabe, continuará a debitar o seu pensamento contra os imperialistas que semeiam confusão em África.
Já agora, vós que sois lacaios do imperialismo, uma pergunta: terá sido Mugabe que destruiu Iraque, Líbia e Síria? Que critérios utilizam para distinguir um santo de sanguinários? Esses sim, são vilões. Mugabe é o nosso herói.
WAMPHULA FAX – 08.12.2017