Por Edwin Hounnou
A eleição iintercalar deu-nos a possibilidade de concluir de que enquanto a oposição não se unir numa única frente eleitoral única, continuará sendo difícil remover o partido Frelimo do poder e a História tem nos vindo a demonstrar que os partidos libertadores tudo fazem para se tornarem eternos no poder. A Renamo não vencerá a Frelimo enquanto alguns continuarem agarrados na defesa dos seus interesses mesquinhos. O mesmo se pode falar do MDM onde pululam algumas vozes que reclamam ter energia suficiente para desmontar a Frelimo. Não se pode dizer que a Frelimo seja uma máquina de alguma coisa, que não é nada disso. Se o adversário da oposição, e chama-se Frelimo, é o mesmo, então, existem razões de sobra para que a oposição não se faça ao combate de forma isolada. Dissemo-lo ontem, dizemo-lo hoje e repeti-lo-emos, sempre, enquanto alguns tipos da oposição que são grandes demais ao ponto de dispensarem os outros. A oposição parlamentar, pelo menos essa, deveria entender a necessidade e urgência da remoção da Frelimo do poder em que se encontra há 43 anos.
Em Nampula, aconteceram coisas muito graves que precisam de ser denunciadas, com urgência, para que o país possa ter uma paz duradoura. Os cadernos foram, criminosamente, trocados para baralhar os eleitores, apesar de os Renamo e MDM terem, durante a campanha eleitoral reclamado e a Comissão Nacional de Eleições, na pessoa do presidente, o sheik Abdul Karimo, ter prometido corrigir. Na realidade, nada foi corrigido porque, em todas as assembleias de voto, milhares de eleitores não conseguiram encontrar os nomes e, como resultado, criou-se um ambiente de rejeição e de repúdio. Estavam inscritos, cerca de 297 mil eleitores para votarem em 401 assembleias de voto, mas votaram apenas 50 mil. Existe algo de muito errado no seio dos órgãos eleitorais que temos que desvendar porque mesmo depois dos órgãos eleitorais terem mentido que satisfez as reclamações sobre os erros detectados, o MDM continuo a insistir que nada, de facto, havia sido corrigido. Até ao dia de votação os erros estavam intactos. Não se sabe se é por incompetência ou se trata de uma acção criminosa e premeditada. Entendemos que uma eleição seja um exercício solene de soberania nacional que não pode nem deve ser entregue a uma quadrilha de malfeitores e criminosos, tal como tem sido a postura habitual dos órgãos eleitorais, em Moçambique que, ao invés de conduzir as eleições, são parte interessada.
Os partidos políticos da Oposição têm sido, severamente, fustigados pela Comissão Nacional de Eleições, CNE, e pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral, STAE. As falcatruas que cometem começam pela exclusão e termina na introdução de cadernos falsificados. Tem sido a dupla CNE/STAE que convida a FIR/UIR a meter-se nas disputas eleitorais com o objecivo único de favorecer a um dos concorrentes que todos sabem que é o Partido Frelimo. Portanto, nos actuais moldes de funcionamento dos órgãos eleitorais, eles se tornam inimigos do povo, da tranquilidade social e da paz. Mais que a CNE está o STAE que repara e operacionaliza as fraudes que temos estado a assistir. No nosso país, basta um partido ganhar uma única vez, ganha para sempre porque o vencedor se vira o grande patrão dos órgãos eleitorais. A continuar desse modo, as eleições não têm nenhum sentido, ficam desvirtuadas e perdem a sua vocação natural de julgamento dos políticos e uma porta aberta que conduz à alternância na administração da coisa pública. Os órgãos eleitorais são um entrave ao processo da democratização, a menos que se revista toda a legislação para que o STAE deixe de fazer fraudes e de desiludir o eleitorado.
Soubemos, de fonte segura, que chegaram, para votar no candidato do Partido Frelimo, de cada um dos 23 distritos de Nampula, 50 supostos eleitores. Mais ainda, de Cuamba, Lichinga e de Pemba foram importados 150 eleitores, num esforço para recapturar Nampula. O sonho que apoquenta algumas pessoas ligadas ao partido governamental é algo bastante sério e ultrapassa os limites impostos pelos princípios de transparência e da legalidade. O princípio do “vale tudo” tem se sobreposto à vontade de mudança estrutural da nossa sociedade. Os enfermos da tal insónia de que padecem alguns ilustres da Frelimo prejudicam a democracia. Quando, no XI Congresso da Matola, que não apanham sono enquanto um único município for governado pela oposição, não estavam a mentir. Vimos administradores distritais a andar em volta das assembleias de voto de modo a garantirem que os seus efectivos votem com segurança. Foi dentro deste contexto que o administrador de Moma foi alvo de suspeita que teve que se refugiar ao posto da polícia. O vale tudo meteu a mão nos meios públicos – viaturas do Estado foram usados para reforçar a capacidade da Frelimo. O administrador de Moma tinha um Toyota hardbod de matrícula vermelha. Fomos ao posto policial para saber um pouco mais desse administrador mas a nossa intenção foi gorada pela acção policial que nos fechou a acesso.
A demora na divulgação dos resultados de Nampula enquadra- se na grande estratégia dos órgãos eleitorais de tentarem salvar o seu candidato, Amisse Cololo António, pois, há sempre uma coincidência – o candidato da Frelimo é, também, o dos órgãos eleitorais, a quem favorecem grande e escandalosamente. Esperemos que vamos ver e ouvir a CNE e os seus colegas do STAE a dizerem que “requalificados os votos, o candidato da Frelimo é o legítimo vencedor da eleição intercalar de Nampula”. Ponto final. Esses não têm vergonha nem respeito quando se trata da arte de bem enganar o povo até porque já escândalos piores como é o caso de alterar os resultados leitorais, invertendo a vontade do povo. Aguardemos que as conversações secretas, em curso, entre o Presidente da Republica, Filipe Nyusi, e o Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, contemplem um novo figurino dos órgãos eleitorais, ver se descansamos de uma vez por todas. O povo anda cansado de aldrabices e falcatruas eu terminem em conflitos e guerras a seguir a cada acto eleitoral.
Em Nampula, para se evitar que o município não volte a cair aos pés da Frelimo, depende da atitude de Afonso Dhlakama de conversar com os partidos MDM, sem se esquecer Mário Albino, candidato que ficou em quarto lugar que revelou ter algum potencial político. Se Dhlakama tiver o engenho político, poderá se evitar que o Município seja recapturado por aqueles atiraram o país inteiro para o esgoto e ostracização internacional. A Frelimo já não merece a confiança de ninguém. A Renamo tem que se despir da mania de que poderá, sozinha, vencer a Frelimo. Agora o adversário chama-se Frelimo e veste-se de vermelho! Uma frente comum contra a Frelimo é uma necessidade histórica. Conjugando a larga base popular da Renamo e o controlo inteligente do MDM, evitar-se-á, seguramente, que Nampula volte a cair num buraco sem fundo!
Dhlakama, Nampula está à espera de si! Faça algo para Nampula não tomar o cálice de sangue! Se o líder da Renamo ficar calado no seu canto, fica, assim, provado o que se ouve dizer, na praça política, que Dhlakama costuma vender resultados eleitorais à Frelimo em troca de alguma coisa! A obrigação de apelar o voto da oposição é da inteira responsabilidade de Dhlakama por ser o líder da oposição que pretende reduzir o espaço territorial de governação da Frelimo. A solidariedade só vem quando a gente pede e a Renamo precisa dessa para vencer a Frelimo. As rivalidades políticas e calúnias devem ser enterradas para que o golpe a aplicar contra a Frelimo seja demolidor!