O atraso do país na transição demográfica e a perpetuação da pobreza
O Censo Geral da População e Habitação realizado de 1 a 15 de Agosto do ano passado ditou que somos 28.8 milhões de moçambicanos, pouco mais de 8 milhões se comparado com os 20.5 milhões registados em 2007. Em 1997, a população moçambicana era estimada em cerca de 16.1 milhões.
Segundo revelam os números, mais de 50 por cento desta população é a jovem e a taxa de natalidade mostra sinais de crescimento exponencial, daí que se prevê que, em 2025, estejamos na casa dos 33.2 milhões de habitantes.
É diante desta realidade, associado ao facto de a economia moçambicana continuar assente e dependente das actividades de exploração de recursos naturais, que uma análise do Banco Mundial (BM) coloca como desafio cada vez mais urgente, a necessidade de transformar a população crescente e jovem de Moçambique em dividendo demográfico para crescimento futuro. Entretanto, apesar desta oportunidade, a análise do Banco Mundial não se sentiu coibida de fazer um vigoroso apelo em torno da necessidade de as autoridades moçambicanas começarem a pensar seriamente na concepção de estratégias para reduzir os actuais níveis de fertilidade.
“Esse desafio é imenso, mas também é uma oportunidade: a análise do Banco Mundial estima que reduzir os níveis de fertilidade, investir em habilidades e empregos produtivos representaria um enorme impulso para a prosperidade” – refere a actualização do Banco Mundial, uma das principais instituições financeiras globais.
Ajudar os níveis de fertilidade a cair mais rápido, acrescenta a análise, é importante para aumentar o PIB real per capita em 31 por cento até 2050.
“Para conseguir isso e transformar o desafio demográfico em uma oportunidade económica, Moçambique deve promover activamente políticas para desencadear a transição de fertilidade através de oportunidades de trabalho para mulheres e melhores serviços de planeamento familiar para atrasar e combater o casamento precoce” – refere.
Mas se exige, igualmente, um foco mais acentuado na construção de habilidades para jovens e uma economia que cresce enquanto gera empregos produtivos para as próximas gerações de moçambicanos.
Em 2011, a taxa de fertilidade total foi estimada em 5,9 crianças por mulher em média, uma das maiores taxas do mundo.
Nesta abordagem, a situação torna-se ainda mais complicada quando se sabe que a média dos 5.9 filhos por mulher, pode subir mais alguns degraus para grupos populacionais extremamente pobres, o que por si só, representa um grande potencial para a perpetuação dos níveis de pobreza.
MEDIA FAX – 23.01.2018