A consultora IHS Markit considera que a evolução da crise da dívida soberana em Moçambique coloca em causa todas as previsões para o país, defendendo que o
"Um acordo de reescalonamento dos pagamentos é a única solução de curto prazo para a crise da dívida soberana em Moçambique, e deve ser uma solução apoiada pelo Fundo Monetário Internacional", dizem os analistas em resposta hoje às questões colocadas pela Lusa sobre as expectativas para este ano.
A crise da dívida soberana moçambicana é o principal foco de preocupação relativamente às previsões avançadas pela IHS Markit, que diz que este tema coloca em causa todas as estimativas relativamente ao crescimento económico, à evolução da taxa de câmbio e à inflação.
"A falta de apoio financeiro do FMI e dos outros doadores externos prejudicou os programas de investimento do setor público em 2017 e os efeitos devem prolongar-se para este ano, sem que haja perspetiva de uma solução pelo menos até meados de 2018", acrescenta a IHS Markit nas respostas à Lusa.
Nas previsões para a África subsaariana, a IHS Markit considera que a região deverá ter quase duplicado o crescimento no ano passado, para 2,5%, mas os desafios para este ano mantêm-se, incluindo o preço baixo do petróleo, a instabilidade política e as descidas de 'rating'.
"O desempenho económico da região foi o mais baixo desde 1994, e a recuperação de 2017 terá sido aquela com a mais baixa taxa de crescimento desde 2000, à exceção de 2016", disseram os analistas da consultora IHS Markit.
Num comentário à Lusa sobre as expectativas para 2018, os analistas disseram que antecipam uma descida no preço médio do barril para 56 dólares, face aos cerca de 60 atuais, e sublinham que "continua a haver muita incerteza relativamente ao mercado petrolífero".
Para além disso, notam, "o aumento noutras matérias-primas como os metais, minerais e produtos agrícolas não deverá ser sustentável, e por isso estes preços baixos contribuem para um desempenho económico pálido nos próximos tempos".
A dificuldade, consideram estes analistas na resposta às questões colocadas pela Lusa, é que "estas economias são muito dependentes do petróleo, e por isso enfrentam um caminho difícil para recomeçar o crescimento".
Nos setores não petrolíferos, ainda assim, o panorama é mais favorável, dizem, apontando as colheitas mais abundantes e o fortalecimento da procura por diamantes e cobre, entre outras matérias-primas.
Entre os países com um crescimento mais pujante estão a Etiópia, a Costa do Marfim, Senegal, Tanzânia, Quénia e Ruanda, mas mesmo estes não escapam aos riscos que a IHS Markit antevê para este ano.
"O risco mais premente é a baixa nos preços das matérias-primas", mas a consultora destaca também a normalização política norte-americana, o 'Brexit', o abrandamento no comércio global, as condições climatéricas, a instabilidade política, as descidas nos 'ratings' soberanos, e a diminuição dos fluxos de capital.
"Os desenvolvimentos relacionados com o esperado abrandamento no crescimento económico da China também deixam a região vulnerável devidos aos fortes laços entre as duas economias e à possibilidade de este abrandamento se refletir no comércio e também no investimento e no financiamento ao continente", conclui a IHS Markit.
LUSA – 15.01.2018