Duas embarcações de carga, pertencentes a Empresa Moçambicana de Transporte Marítimo e Fluvial (TRANSMARÍTIMA), onde o Estado é maior accionista, estão paradas no porto de pesca de Quelimane há sensivelmente três anos.
As embarcações saíram de Maputo à Quelimane, alugadas por uma empresa denominada Safetrade Moçambique, com objectivo de efectuar trabalhos de carregamento de areias pesadas que estão a ser exploradas pela África Greet Wall Mining, uma empresa chinesa que está a explorar aquele recurso na localidade de Deia, distrito de Chinde na Zambézia, o que não chegou a acontecer.
E porque o Estado gastou dinheiro de erário público para compra dos meios que em nada estão a servir para sua rentabilização, contactamos António da Silva, delegado da Transmarítima na Zambézia.
Da Silva fez saber que as referidas embarcações denominadas Indico I e Indico II foram alugadas pela empresa Safetrade Moçambique e os contratos foram feitos directamente no gabinete do conselho de administração da Transmarítima.
"Nós só sabemos explicar até aí, e portanto outros esclarecimentos transcendem o nosso nível", disse.
As duas embarcações estão a criar transtornos para os gestores do porto de pesca de Quelimane, onde as mesmas encontram-se atracadas. O porto devia estar a colectar receitas através de outras embarcações de companhias pesqueiras que pretendem utilizá-lo, mas tal não está a acontecer devido as embarcações paradas.
Trabalhadores reivindicam
Um total de seis trabalhadores afecto às duas embarcações dizem estar a passar por dias difíceis. Catalão Olímpio um dos trabalhadores, explicou que desde que as embarcações chegaram à Quelimane, pouco se cumpre com as suas obrigações com destaque para salários e mantimentos.
Catalão vela pelas embarcações. Olímpio explicou que, inicialmente, eram 24 trabalhadores, uns faleceram e outros voltaram a custo próprio para Maputo.
"Quando chegamos de Maputo, cada navio tinha 12 trabalhadores, momentos depois morreram dois trabalhadores afectos às máquinas. As famílias não foram apoiadas no funeral", disse.
"Nós estamos isolados, vamos para o ministério dizem que não tem nada a ver connosco e dizem para abandonarmos os dois navios, nós não vamos abandonar os navios até que o assunto seja resolvido por quem de direito sobre a nossa situação".
O PAÍS – 14.01.2018