KHOMALA por Vasco Fenita
Subsidio sobre tropeção do Galo na intercalar
Dissecados os principais contornos subjacentes ao desencadeamento do aluvião de turbulências que, no último trimestre do ano, se abateu sobre o município de Nampula, coarctando a vigorosa caminhada então em curso em prol do seu pleno desenvolvimento social e económico, o meu amigo Salustiano sugeriu-me que derivássemos os holofotes da nossa interacção sobre o também polémico Manuel Tocova, antigo presidente da Assembleia Municipal, que havia assumido interinamente a vagatura ocasionada pelo bárbaro homicídio que vitimou o edil Mahamudo Amurane.
Ao ser inteirado das principais incongruências perpetradas por Tocova, na sequência da sua ascensão provisória ao cargo de presidente do Conselho Municipal, Salustiano questionou se as suas acções incendiárias não teriam sido induzidas por impulsiva avidez mediática agregada à represália decorrente da sua relação beligerante com o inditoso Mahamudo Amurane.
Torcendo o nariz num gesto de dúvida e observando-lhe, acto contínuo, que nos bastidores da própria autarquia transpiravam amiúde relatos da existência de duas alas diametralmente antagónicas (um afecto ao falecido edil e outro apegado à Tocova) que, não raras vezes, se digladiavam em incendiários confrontos verbais, ateados quase sempre por razões aparentemente mesquinhas, irrisórias até! “Por dá cá aquela palha”, como a gíria escarnece.
Aqui, o meu amigo Salustiano interpôs-se, observando que, consoante lhe foi dado a conhecer, o ambiente no seio do Conselho Municipal de Nampula começou a turvar progressivamente a partir da altura em que o então edil de Nampula, Mahamudo Amurane, decidiu romper, abrupta e unilateralmente, o cordão umbilical e institucional herdado da cúpula do MDM, ao repudiar de forma intempestiva o pacto que, alegadamente, lhe era imposto, consubstanciado em acções de “compadrio” e subserviência, que, segundo aventava o próprio Amurane, descambariam, essencial e inevitavelmente, na drenagem sub-reptícia de fundos para provimento da sustentabilidade pecuniária dos cofres magnos do partido na Beira.
Retomo a narrativa, observando que a hostilidade viria, obviamente, a agravar-se na sequência do hediondo homicídio de Amurane e na altura em que o então presidente da Assembleia Municipal, Manuel Tocova, preencheu, como legalmente lhe competia, a respectiva vacatura.
Nova intervenção de Salustiano: Foi quando então, presumivelmente “embriagado” com a acumulação de poderes ou, eventualmente, mal aconselhado, Tocova empreendeu medidas imprudentes e insensatas que o induziram a afundar-se em implacáveis “camisas de onze varas”, como sói dizer-se na expressão popular!
Destituiu arbitrariamente funcionários exonerados por Amurane e resgatou inconsequentemente os que ele havia demitido por alegado cometimento de acções de peculato. Não obstante os alertas emitidos pelos órgãos judiciais na circunstância, a propósito dessas retaliações de natureza, obviamente, póstuma..! Que, aliás, viriam a ser acrescidas de outras de semelhante jaez tendentes a contrariar frontalmente a disciplina imposta pelo malogrado edil Mahamudo Amurane aos vendedores de rua que encharcavam e infestavam as bermas (não só) das vias da airosa cidade-capital, embaraçando sobremaneira a circulação dos transeuntes. E a acentuar o imbróglio, Tocova viria, mais tarde, também a ser indiciado de posse ilegal de uma arma de fogo. Cuja sentença, proferida na pretérita quarta-feira, atribui-lhe a pena de dez meses de prisão efectiva e outros dois convertidos em multa pecuniária, em relação à qual, no entanto, o seu advogado de defesa admitiu interpor recurso. Aliás, o próprio Tocova observa que não tem memória de um julgamento ter merecido tamanha celeridade, para além de, na sua óptica, o respectivo acórdão denunciar alguns equívocos.
WAMPHULA FAX – 30.01.2018