Em 2013, o Executivo de Maputo criou a polémica Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), contraindo uma dívida de USD 850 milhões para a compra de 24 embarcações. Na altura, o optimismo no negócio era enorme, mas de lá a esta parte a realidade tem sido outra.
Indo aos factos. O Governo não conseguiu licenciar 21 barcos da frota nacional de capturas de atum em 2017 (só conseguiu 8) por “falta de embarcações!” (vale lembrar que o mesmo Governo comprou 24 embarcações em 2013).
Caso para questionar, “onde foram parar as 24 embarcações da EMATUM?”, cujo valor da sua compra foi obtido no ano do auge das descobertas de gás natural no país. Neste momento, Maputo tem tido dificuldades de pagamento da dívida, sobretudo, devido à descida do preço das matérias-primas.
E por causa desse mau negócio Moçambique tem sido apontado por vários meios de comunicação social e agências financeiras internacionais como um “caso de estudo” sobre os perigos de apostar em mercados emergentes.
Sobre a operacionalidade dos barcos, fiquei a saber junto de fonte do Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas que “há dificuldades de implementação de projectos de pesca de atum por parte da maioria das empresas nacionais”.
Com a inoperância da frota nacional, a pescaria do atum é dominada quase 100% pela frota de embarcações estrangeiras (34 licenciadas em 2017), que, no entanto, caiu 7% naquele ano, face a 2016.
Refira-se que em 2017 o plano de licenciamento da pesca industrial fora fixado em 149 embarcações, das quais 50 para a pescaria de camarão de superfície, 29 para a pescaria de atum (frota nacional), 24 para a gamba, duas para a lagosta de profundidade e 10 para peixe.
Salvação norte-americana
Insustentável e com quase toda a frota nacional paralisada, quem parece indiferente é o empresário norte-americano Erik Prince, presidente do Frontier Service Group, empresa de logística e transporte com presença na vizinha África do Sul, anunciou em Dezembro passado que vai entrar para o sector pesqueiro moçambicano através da EMATUM.
“O objectivo é capitalizar a frota de 24 barcos disponíveis desta empresa.
Estamos aqui para trabalhar e finalizar detalhes da joint venture com o Governo moçambicano para desenvolver e melhorar a sua capacidade pesqueira de uma forma sustentável, profissional e ética”, disse na altura o empresário norte-americano.
Acrescentando que o primeiro é a área de pesca, onde vai trabalhar com a empresa EMATUM em operações de treinamento e mudanças na logística para ligar Moçambique ao mercado internacional de pescas.
edson arante
CM – 16.02.2018