A Economist Intelligence Unit (EIU), editora especializada em análises, previsões e perspectivas económicas em quase todo o mundo, continua a conjecturar a manutenção da “travessia do deserto” de que actualmente padece a economia moçambicana. O mau momento vai manter-se muito por culpa do andamento titubeante das investigações sobre as dívidas ocultas, actualmente sob responsabilidade da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na sua última análise, com data de 8 de Fevereiro, a Economist Intellince Unit aponta que a decisão de a Procuradoria-Geral da República, mandar a denúncia contra os gestores das empresas públicas que contrataram os 2.2 mil milhões de dólares, ao Tribunal Administrativo, visa demonstrar compromisso em responsabilizar os prováveis implicados, mas a acção não é nem tão pouco convincente aos olhos da comunidade doadora.
Por isso mesmo, antevê a análise, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os seus “aliados”, que incluem o Banco Mundial (BM) e quase toda a comunidade doadora internacional, continuarão a manter pressão sobre as autoridades moçambicanas até que o assunto seja totalmente esclarecido. E a forma considerada mais adequada nesta acção de pressão é manter as torneiras de financiamento completamente fechadas, o que significa que o país deverá continuar a buscar soluções financeiras internas para o actual défice orçamental de 2018. Aliás, a análise aventa mesmo a possibilidade de o corte ir até 2022, ano em que o país espera começar a colher alguns dividendos da exploração do gás natural do Rovuma.
“A nossa previsão é que o FMI provavelmente não retomará o financiamento para Moçambique em 2018. E a situação se pode manter inalterada até 2022, com as autoridades ainda relutantes em atender as demandas de transparência total sobre o fardo ilícito da dívida pública” – refere a análise.
Aliás, o Fundo Monetário Internacional, na sua reacção à denúncia da PGR ao Tribunal Administrativo, deixou claro que uma posição contrária da actual suspensão da cooperação, só poderá ser tomada depois do esclarecimento de todas as lacunas existentes no relatório da Kroll.
MEDIA FAX – 12.02.2018
NOTA . Entretanto quem sofre é o “patrão”. Até quando?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE