GUNGUNHANA” é o título da mais recente obra literária do escritor Ungulani Ba Ka Khosa, que sai sob a chancela da Porto Editora. O livro será lançado às 17.30 horas de quinta-feira na Livraria Minerva Central, em Maputo, com apresentação do escritor Marcelo Panguana.
Este é o segundo livro que Ungulani dedica ao reinado de Ngungunhane, imperador de Gaza, ao longo da segunda metade do século XIX, sendo esse o último império a resistir às acções colonizadoras de Portugal, no período.
Gungunhana reúne dois livros deste renomado escritor moçambicano (o emblemático Ualalapi, um dos cem melhores livros africanos do século XX e o novíssimo romance “As Mulheres de Ngungunhane”).
Neste romance, procura-se recuperar uma parte da história de Moçambique: o reinado de Ngungunhane e concretamente o declínio e queda do Império de Gaza, materializado na captura e partida do imperador para Portugal, cenas com as quais encerra a narrativa.
A valorização da tradição e a fundamentação do tratamento historiográfico da figura de Ngungunhane, a partir dos dados da oralidade, interliga-se estruturalmente com a presença, explícita, nuns casos, e implícita, noutros, de modelos literários ocidentais.
A académica e ensaísta Fátima Mendonça lembra que os numerosos estudos dedicados a esta obra têm destacado o seu carácter anti-épico e questionador da História.
Ana Mafalda Leite, outra académica e ensaísta, formula esta questão, argumentando tratar-se da desmitificação da história de Ngungunhane fornecida, quer pela corrente colonial, quer pela revolucionária pós-independência, o que “convida a reflectir pela validade de uma e outra, das fontes escritas e orais, e daquelas que o narrador convoca no seu próprio discurso”.
O historiador Aurélio Rocha considera que o trabalho de Ungulani Ba Ka Khosa, pseudónimo de Francisco Esaú Cossa, “faz dele um dos mais interventores e comprometidos escritores moçambicanos. Os seus livros, os seus pronunciamentos quer em palestras, quer em entrevistas e escritos nos jornais […] fizeram e fazem dele um mestre na arte do romance e da narrativa histórica ficcionada”.
NOTÍCIAS – 12.02.2018