A Rádio Moçambique noticiou, há dias, que homens armados – que se supõe que estejam ligados àqueles que têm vindo a realizar ataques desde 4 de Outubro do ano passado em Cabo Delgado – atacaram, na segunda-feira, 12 de Março, a aldeia de Chitolo, no distrito de Mocímboa da Praia.
A informação foi tornada pública depois de ter havido uma relativa acalmia, que já estava a ser usada pelo Governo para passar a imagem de que os “terroristas” (como lhes chamou) estavam enfraquecidos. Depois do ataque do dia 12, o Governo decidiu não mais falar sobre o assunto. Na terça-feira, durante o balanço das operações policiais, ouvimos o porta-voz da Polícia no Comando-Geral, Inácio Dina, mas este não aceitou falar sobre o assunto. “Os factos que foram narrados desde 2017 constituem matéria bastante para a produção de informação.
Tudo quanto foi seguindo em relação a Mocímboa da Praia, Palma e Nangade, nós deixamos à responsabilidade das Redacções dos órgãos de comunicação social. É informação que qualquer órgão pode deixar passar”, disse Inácio Dina, quando foi solicitado pelo “Canalmoz” para se pronunciar sobre o ataque de 12 de Março. E acrescentou: “O que temos a referir é que as Forças de Defesa e Segurança continuam em Cabo Delgado nos pontos de referência, a garantirem a ordem e segurança públicas.
Ataques, como tais, em momento oportuno nós havemos de sistematizar e dar a informação desde o período em que se despoletou”. O que se sabe do ataque de 12 de Março é que os homens armados (chamados “terroristas” pelo Governo) “mataram uma pessoa, queimaram cinquenta casas e saquearam bens da população”. Segundo a Rádio Moçambique, as Forças da Defesa e Segurança já estão na aldeia de Chitolo, que fica localizada a cerca de vinte quilómetros da sede da localidade de Unango, onde ocorreu o primeiro ataque dos homens armados a uma unidade policial e da Força de Protecção de Recursos Naturais, no dia 4 de Outubro do ano passado.
Os “terroristas” já fizeram vítimas em Nangade, Mocímboa da Praia e Palma. Há quem diz que, a medir pelo número de pontos já atacados, os “terroristas” estão a baralhar as Forças de Defesa e Segurança. Recentemente, ouvimos o ministro do Interior, Jaime Basílio Monteiro, para tentar perceber se a Polícia não está a perder controlo da situação.
O ministro disse que está tudo controlado e que os últimos ataques não foram ataques dignos desse nome, mas roubo aos residentes por parte de elementos do grupo, que luta pela sobrevivência, “porque está fragilizado”. Este era o discurso do Governo durante o período de relativa acalmia. (André Mulungo)
CANALMOZ – 22.03.2018