“Suspenderam o financiamento, mas não querem colaborar para o esclarecimento da dívida”
“Dentre os países de quem aguardamos resposta figuram uns dos parceiros que condicionam os apoios financeiros ao país. E esta situação é do conhecimento do FMI”, procuradora-geral da República, Beatriz Buchili.
Depois de Filipe Nyusi ter dito que a responsabilidade das dívidas deve ser partilhada, atirando a culpa para os bancos, por terem emprestado dinheiro a um país pobre, a procuradora-geral da República, Beatriz Buchili, decidiu usar a mesma estratégia do “Indivíduo Q”. Mas o alvo é diferente.
Segundo Beatriz Buchili, a investigação está comprometida porque algumas instituições dos países que suspenderam apoio financeiro a Moçambique não estão a colaborar com a Procuradoria-Geral da República.
E isso é do conhecimento do Fundo Monetário Internacional.
As declarações foram feitas, ontem, na Assembleia da República, durante a sessão de esclarecimentos pela procuradora-geral da República às questões levantadas na sequência do informe sobre o estado da justiça e da legalidade.
Segundo Beatriz Buchili, a Pro curadoria-Geral da República solicitou informação sobre as dívidas em sete países, dos quais apenas um respondeu à solicitação.
“Dos sete países a que solicitámos diligências e informações, (…) apenas um respondeu, no passado mês de Março de 2018. Dentre os seis países de quem ainda aguardamos resposta, figuram uns dos parceiros que condicionam os apoios financeiros ao país, sabendo que o esclarecimento definitivo depende das diligências e informações que lhes solicitámos”, disse Beatriz Buchili e acrescentou que esta situação é do conhecimento do Fundo Monetário Internacional.
Beatriz Buchili afirmou também que, enquanto não se obtiver respostas aos pedidos formulados, não se pode concluir “com a celeridade desejada as investigações e encerrar com celeridade a instrução do processo-crime”
Tanto Nyusi como Beatriz Buchili estão a passar a ideia de que a culpa é dos outros e não daqueles que endividaram o país.
Posição das bancadas parlamentares
A Renamo diz que o informe da Procuradoria-Geral da República não é claro, porque a Procuradoria está refém do poder político.
“Ficou claro que a investigação não avançam porque os políticos controlam a Justiça, incluindo a Procuradoria”, disse Izequiel Gusse, deputado da Renamo.
Por seu turno, Fernando Bismarque, porta-voz do MDM, afirma que não faz sentido que, volvidos mais de três anos de inquérito, não haja arguidos.
A Frelimo diz que a Procuradoria-Geral da República está a fazer um bom trabalho, que não pode divulgar o relatório de auditoria, para salvaguardar o segredo de Justiça e a presunção de inocência.(André Mulingo)
CANALMOZ – 27.04.2018
NOTA: Insistimos que a violação da Constituição e outras leis financeiras são factuais, não necessitando de uma qualquer investigação interna ou externa. Outra coisa é que foi feito e os caminhos que os valores emprestados seguiram. Porque a PGR mistura tudo?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE