A Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) considerou ontem em Maputo que as chamadas dívidas ocultas avalizadas pelo anterior Governo são a manifestação da degradação ética e social da sociedade moçambicana, incluindo entre as lideranças.
"Estamos preocupados com a crescente deterioração dos valores éticos e sociais no nosso país, visível nas dívidas ocultas", disse ontem em Maputo o presidente da CEM, Francisco Chimoio, em comunicado que leu durante uma conferência de imprensa.
Francisco Chimoio deplorou o facto de, até ao momento, não ter havido uma responsabilização em torno das dívidas secretamente avalizadas pelo Governo moçambicano, entre 2013 e 2014, de mais de dois mil milhões de euros.
Falando na mesma ocasião, o bispo da cidade de Chimoio, capital da província de Manica, centro de Moçambique, João Carlos, afirmou que todo o tecido social moçambicano está a ser corroído pela deterioração de valores éticos e morais.
"Estamos preocupados com esta degradação de valores éticos e morais que se vai vendo em várias esferas", acrescentou João Carlos.
O dinheiro das chamadas dívidas ocultas destinava-se ao financiamento de três empresas públicas de pesca e segurança marítima, mas uma auditoria internacional não conseguiu descortinar o destino das verbas, alegadamente sob confidencialidade ligada a assuntos de segurança nacional.
A auditoria apurou igualmente que as três empresas são comercialmente inviáveis.
A descoberta dos empréstimos levou os doadores internacionais a bloquearem a ajuda ao Orçamento do Estado, agudizando a crise económica e financeira no país.
LUSA – 20.04.2018