Centelha por Viriato Caetano Dias ([email protected])
O país precisa de Homens normais para missões anormais. António Frangulius, STV
Escrevo de Chimoio, capital da província de Manica. Este texto peca por não apresentar dados estatísticos sobre o crescimento material de Manica, sendo que o autor recorreu a dois importantes métodos metodológicos: observação participativa e conversação com alguns residentes deste ponto do país.
Às vezes, não poucas, as estatísticas servem para adubar uma ou várias situações fictícias que se pretendem promover. O sentimento generalizado dos meus interlocutores aponta que a província de Manica está a neutralizar ou eliminar a pobreza extrema, em resultado da adopção de políticas estruturais necessárias de desenvolvimento económico e social.
O Governo de Manica, liderado por Alberto Mondlane, um excelente gestor, tem sabido – quando a maioria de governadores provinciais andam na contramão do desenvolvimento – aproveitar a existência de terras férteis, produtivas e rentáveis, para combater a fome e a miséria na província. Manica é hoje o exemplo de uma província economicamente saudável que vive do seu próprio suor.
A fuga da linha da pobreza deve-se, também, a visão estratégica do executivo de Mondlane que estabeleceu pontes comerciais com o vizinho Zimbabué, com o propósito de diversificar mercados, internacionalizar produtos e dinamizar a economia da província.
No início deste mês, o presidente “golpista” do Zimbabué reconheceu que o seu país depende de Moçambique para elevar a sua economia. Mas não foi dito, por questões que desconheço, que Manica é a prancha para que o país do amado e saudoso presidente Mugabe atinja o almejado desenvolvimento. Enquanto a maioria dos governadores provinciais fecha-se em seus territórios como uma concha, evoluindo para a ignorância, Mondlane faz o inverso: abre-se ao mundo com coragem e determinação.
A sua província é conhecida e respeitada pela qualidade da sua terra e a produção agrícola. Quem alimenta gente, desinteressando-se pelo “vil metal” e imponentes edifícios que normalmente albergam parasitas da Função Pública, deve receber um Prémio Mundial da Alimentação.
O Instituto Agrário de Chimoio (IAC) continua a diplomar pessoas com conhecimentos sobre a produção de comida. O IAC (cujo serviço público enche-me de orgulho) é das poucas instituições no país com cursos profissionalizantes que encontram escoamento no mercado de emprego. Os seus graduados produzem comida que alimenta todo Moçambique. É verdade que nem todos os maniquenses têm emprego. Por isso, é importante intensificar a produção. Por outro lado, não é menos verdade que todos os maniquenses comem. Não há bolsas de fome em Manica. Portanto, numa altura em que a crise económica e financeira afecta à vida dos moçambicanos, Mondlane está a dar uma verdadeira lição de liderança.
Zicomo e um abraço nhúngue ao Samuel e a todos os trabalhadores moçambicanos pelo dia 1º de Maio que amanhã se assinala em todo o mundo.
NOTA: O Cemitério Municipal de Lhanguene, em Maputo, foi tomado de “assalto” por improdutivos e marginais que vandalizam campas e ameaçam os visitantes. Não há nenhuma intervenção por parte da edilidade para os retirar de lá, até que haja uma hecatombe. É um problema antigo e contínuo que contribuiu para a insegurança e o estado de imundice do cemitério. Tornou-se um lugar sem lei, sem descanso para todos, vivos e mortos. Até quando?
WAMPHULA FAX – 30.04.2018