Falta de carimbos e contratação de cidadãos não credenciados. O maior partido da oposição em Moçambique denuncia irregularidades no recenseamento eleitoral no Niassa e fala em "fraude antecipada".
O processo de recenseamento para as eleições autárquicas de 10 de outubro arrancou há pouco mais de um mês. E já há denúncias de irregularidades no distrito de Cuamba, na província do Niassa.
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DW-RENAMO denuncia irregularidades no recenseamento no Niassa
A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) diz que foram contratados cidadãos não credenciados para o processo. Segundo o partido, cidadãos de Nampula e da Zambézia que atualmente residem em Cuamba estão a ser proibidos de se inscreverem, alegadamente por serem apoiantes da RENAMO.
João Muchane, delegado político distrital do partido, fala em carimbos desaparecidos de alguns postos de recenseamento eleitoral.
"Todo o material fica no posto e é controlado pelo supervisor desse posto. Como é que desaparece esse carimbo? Outra questão a lamentar é a contratação de cidadãos não credenciados nos postos de recenseamento eleitoral, estou a falar de secretários, aqueles líderes comunitários", explica.
RENAMO já esperava irregularidades
O delegado da RENAMO no distrito de Cuamba refere-se mesmo à situação como uma "fraude antecipada" e conta que já se esperava que existissem irregularidades.
"Considero como uma fraude antecipada. Estávamos à espera de uma polémica neste processo eleitoral, e até à votação. Já conseguem roubar os carimbos, conseguem trazer pessoas de outros distritos ou fora do raio municipal", disse à DW.
Guilherme Xavier, diretor distrital do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral em Cuamba, diz desconhecer o alegado roubo de carimbos denunciado pela RENAMO.
"No meu gabinete não tem nenhuma queixa referente ao desaparecimento de carimbos. Se tivesse um documento por escrito, podia responder-lhe, mas neste momento não estou em condições de lhe falar uma coisa que não sei", comenta Xavier.
Há cerca de um mês, numa conferência de imprensa em Maputo, a RENAMO já tinha alertado para uma alegada "fraude eleitoral antecipada". Na altura, o mandatário nacional do partido, André Majibire, denunciou uma alegada movimentação de funcionários públicos que se estariam a inscrever em vilas e cidades onde vão decorrer as eleições autárquicas. Os órgãos oficiais ainda não se posicionaram sobre as acusações.
O recenseamento eleitoral arrancou a 19 de março e decorre até 17 de maio em todo o país.
DW – 28.04.2018