Por Capitão Manuel Bernardo Gondola
Eu não gosto de política. Mas; um dia eu li uma frase e que vocês também leram essa frase está por ai dizendo: “Se você não gosta de politica; vai ser governado pelos que gostam”.
Que chato! Mas; falando sério eu continuo não gostando de política mas um dia eu parei de pensar assim e parei de votar em branco.
Eu sempre voltei em branco. Que vergonha. Mas eu não sabia. Não sabia o que estava fazendo e depois foi aprender como funciona o sistema de votação e, descobri que eu estava a prejudicar-me cada vez que eu votava em branco ou que anulava um voto, eu estava dando esse voto para outra pessoa. Para outra pessoa que eu não queria.
Repare; nós hoje não votamos a favor deste ou daquele. Nós votamos contra alguém.
Ou seja; nós estamos votando neste que é para aquele perder. E…, em termos de opção estamos assim e…, não é só em Moçambique e parece que o mundo todo é assim.
Quantas vezes vieram notícias da França, Holanda, Brasil, Itália, Angola, África do Sul, Estados Unidos, Portugal, Rússia, Espanha e da Europa em geral de casos de corrupção, de políticos que foram presos, escândalos que vieram à luz do dia!?
A meu ver; me parece que é uma característica da política, ou, uma característica da Democracia porque Democracia é o Poder do povo. E o Povo ou no Povo têm de tudo. Dentro do Povo têm pessoas boas, têm pessoas menos boas.
E, para não ser chato; talvez seja uma característica desse Poder¹, que está nas mãos de todos nós (Democracia).
Talvez; seja uma característica da República.
Mas; há também quem age, que as Monarquias aprontaram e muito. Aprontaram sim, mas se comparados aos escândalos actuais, não tenho dúvidas são amadores se forem comparados com os escândalos, que estão acontecendo em alguns países da África, Europa e América Latina hoje.
Certamente; esta é também a ocasião e depois de uma certa reflexão fui obrigada a rever e a repensar esses pontos de vistas². E…, estou pensando bem cá comigo. Se eu tenho que votar em alguém, eu pelo menos vou votar naquele (s) em quem eu acredito. Aquele (s) com quem eu convivo; conheço o tipo na intimidade ou aquele, que já tem uma Obra feita, mesmo que eu não conviva com ele mas, o tipo tem leis e projectos.
Quer dizer; ele não é o tipo de político, que promete que vai fazer isto, mas é o tipo de político que diz; “já fiz e está la feito” cujo nome está imaculadamente limpo.
n/b:
¹ Revisitar o passado é uma forma de compreender o presente: No livro «Pensamento Engajado» de Severino E. Ngoenha e José P. Castiano, nos mostra ou nos afirma, que até Platão, discípulo de Sócrates se indignou pela maneira como ele assistiu a «Democracia» a ser capaz de condenar à morte ao seu mestre por «adorar deuses falsos» e por não aceitar ser impingido uma verdade que não fosse produto do pensamento.
²Uma das coisas fundamentais que eu aprendi com a Filosofia, é a importância do lugar de onde se fala e da perspectiva; é como se nós olhássemos as coisas, a sociedade através de lentes ou conjunto de lentes superpostas ou composta então; pela classe social, pelo grau de instrução, género, militância*, pelo lugar onde se nasceu e se vive, opção política e claro também em relação aos pais.
*E aqui militância; não signina engajar-se em qualquer corrente partidária, mas recuperar a esfera pública, espaço público como lugar onde se formam as discussões.
v Já estou no Planalto dos makondes, berço do Nacionalismo moderno moçambicano para umas férias bem merecidas.
Manuel Bernardo Gondola