Centelha por Viriato Caetano Dias([email protected] )
O destino de toda a verdade é ser ridicularizada antes de ser reconhecida. Albert Schweitzer
Este texto foi escrito logo após o apagão que na passada terça-feira (17/04) afectou às províncias do centro e norte do país, incluindo parte da vizinha África do Sul e Zimbabué, devido a uma avaria de grande magnitude registada na Subestação do Songo.
O referido apagão, que causou prejuízos incalculáveis a milhões de moçambicanos, e não só, vem provar que Tete é realmente uma terra de contrastes. As consequências poderiam ter sido evitadas se alguns gestores pensassem mais no país que nos seus interesses pessoais.
Tete é a província mais quente do país com temperaturas que variam, normalmente, entre 43 e 45 graus Celsius. Infelizmente o intenso calor que se faz sentir em Tete não é utilizado para a produção de energias alternativas, através de painéis solares, em prol das necessidades prementes das populações. O mesmo sucede-se com o carvão mineral que tem sido ignorado, pelo poder económico e financeiro, na produção de electricidade.
Em tempos não muito distantes houve uma proposta, creio que subsidiada pelas empresas transnacionais, para a construção de uma ou várias centrais térmicas em Moatize. O projecto parece ter servido, na minha óptica, para gracejar e conquistar simpatias do poder político e lubrificar a complexa máquina da corrupção existente no país. A verdade é que, com a barragem de Cahora Bassa e o carvão mineral de Moatize, Tete está quase sempre às escuras. Perante o exposto acima, urge questionar: que tipo de gestores o país precisa? Os repetidores ou ampliadores dos discursos ou os visionários comprometidos com o desenvolvimento democrático da nação moçambicana?
Penso que o governo não deve ter medo de investir no sector energético, numa altura em que as populações queixam-se sistematicamente de agravamento do preço da energia. Como já referido, o investimento em painéis solares (um projecto moribundo do FUNAE), faria uma grande diferença na vida das populações. Se a aposta for por aí, virada para a construção de novas fontes de energias (verdes, menos poluentes), penso que o futuro de Moçambique pode estar para breve. Zicomo e um abraço nhúngue ao Amiel, pelo exemplo de servidor público, e ao Restaurante da Vera, por ter-me servido, mais uma vez, um saboroso, delicioso e fresco peixe pende do Zambeze. Condimentado com amor e carinho, fez-me lamber os beiços. Pende, a referência das iguarias de Tete, reclama por um prémio internacional.
NOTA: Não gostei de ver a barragem de Cahora Bassa a ser « guarnecida » por uma empresa de segurança privada. A protecção daquele empreendimento, que é o orgulho de Moçambique, não pode e nem deve ser confiada a um grupo de segurança privada, mas sim às forças de defesa e segurança nacionais devidamente treinadas e preparadas para quaisquer situações indesejáveis. Os militares estão estacionados em determinados pontos (cancelas e arredores), quando deveriam substituir a tarefa atribuída à tal empresa privada de segurança na guarnição das instalações da barragem. Por outras palavras, é da responsabilidade dos militares e outras forças de defesa e segurança garantir a protecção efectiva da barragem e da Vila do Songo em geral. O acesso ao « interior » da barragem, por exemplo, ocorre sem a observância das mais elementares regras de segurança, tais como a identificação cabal do visitante, a revista e o propósito da visita para melhor direccionamento da mesma (visita). Os equipamentos de protecção para os visitantes (capacetes, coletes reflectores, botas, câmaras de captação de imagens) são essenciais para o reforço da segurança. Refira-se, para concluir, que dezenas de famílias têm fixado as suas residências no perímetro da barragem, colocando em risco a vida de pessoas e bens.
WAMPHULA FAX – 23.04.2018