Da defesa da dívida oculta ao desagrado com o funeral de Dhlakama
Damião José, que foi porta-voz do partido Frelimo quando Guebuza era o presidente deste partido, minimizou a questão das dívidas ocultas a até designou os mentores das mesmas como sendo “patriotas”.
“A dívida não é crime, a dívida não é pecado, a dívida é a almofada do homem”, afirmou o ex-porta-voz da Frelimo. Na sua intervenção, decidiu abordar também o tratamento que foi dado a Afonso Dhlakama. Damião José, que, em tempos, comparou Dhlakama ao Diabo, disse, durante a sessão de perguntas ao Governo, que não se pode transformar bandidos em heróis. “A Frelimo valoriza o diferente, mas que fique claro que na História de Moçambique temos heróis, temos desertores e temos criminosos. De nada valem os esforços de branquearem a nossa História, tentando transformar os heróis em bandidos e bandidos em heróis. É justo que choremos pela morte de um líder político. Mas dizer que o povo é Dhlakama, que nós, os militantes da Frelimo, somos Dhlakama, isso é um insulto ao povo moçambicano. A História de um povo é feita por factos”, disse Damião José.
As declarações de Damião José não devem ser consideradas como um acto isolado. Basta ver a forma como Nyusi foi ao velório de Dhlakama na Beira. Nyusi esteve praticamente sozinho. Damião José pode estar a ser mensageiro dos grupos do partido Frelimo que consideram que Nyusi quer entregar o país à Renamo e que certamente não gostaram da forma como o povo se exprimiu perante a morte de Dhlakama, mas, acima de tudo, pela forma como o povo se foi despedir do presidente da Renamo.
Damião José, enquanto porta-voz da Frelimo, mostrou-se sempre contra a Renamo e o seu presidente. Quando Dhlakama saiu da mata para assinar o acordo de Cessção das Hostilidades Militares, e era seguido pela população, Damião José comparou o presidente da Renamo ao Diabo.
Damião José afirmou que, se as pessoas ouvissem que o Diabo está num determinado lugar, iriam a correr para ver como é o Diabo, mesmo sabendo que este faz mal.
Damião José faz parte daquele grupo da Frelimo que queria que Dhlakama fosse eliminado fisicamente. Há muita gente na Frelimo que está feliz com a morte de Dhlakama, mas triste pela demonstração popular de carinho pelo presidente da Renamo. (André Mulungo)
CANALMOZ – 18.05.2018