Na província de Manica, centro de Moçambique, um grupo de jovens, na sua maioria estudantes do ensino secundário e superior, decidiu unir esforços tudo na perspectiva de levar sorrisos aos lábios dos desfavorecidos.
Trata-se da Associação de Jovens Voluntários de Manica (AJVM), que desde o ano passado dedica-se a promoção de campanhas de colecta de donativos junto de pessoas de boa-fé, instituições públicas e privadas, que depois canaliza-os aos meninos, adolescentes e jovens vivendo na rua, orfanatos, internados nos centros hospitalares, entre outros locais de maior concentração daquela camada social.
Para além da oferta de bens materiais, que consistem basicamente em vestuário, material escolar e géneros alimentícios, aquele mesmo grupo filantrópico presta apoio moral ao seu grupo-alvo, uma acção que segundo relatou o coordenador da associação, Paulo Maloa, visa incutir nos destinatários a ideia de superação.
“Acreditamos que as pessoas necessitam não somente de bens materiais. As vezes, elas precisam mesmo é de exemplos de superação para inspirar-se, isto é de motivação acerca de como podem sair da situação difícil em que se encontram actualmente, daí a razão das palestras que levamos a cabo simultaneamente no momento da entrega dos donativos”, explicou Maloa.
A exposição de roupa, calçados, material escolar e produtos comestíveis nas ruas da cidade de Chimoio, em Manica, numa actividade conhecida como “The Street Story”, cuja tradução em português significa “A loja de rua” ou “loja a céu aberto” onde as pessoas necessitadas adquirem os bens gratuitamente, é uma das componentes da AJVM.
E como não possui parceiro formal para angariação dos bens destinados ao “The Street Story”, o grupo de caridade tem organizado peditórios, através de Muros Solidários nos bairros, onde os que se identificam com a causa depositam de livre e espontânea vontade os seus pertences.
Alguns membros daquela agremiação revelaram à equipa de reportagem do GRTV o prazer que sentem em fazer parte da experiência que visa despertar o mundo para a necessidade de fazer algo em prol das camadas mais desfavorecidas da sociedade.
Lurdes Mateus, que diz ter conhecido a AJVM a convite de uma amiga, sensibilizou-se com o sofrimento dos carenciados ao nível da província e resolveu abraçar a causa. Emocionada, ela então confessou o que lhe vem a alma quando desempenha a acção altruística.
“Como o nosso lema diz: Uma acção por um sorriso, sempre que fazemos uma coisa para o próximo e vermos ele feliz sentimo-nos muito bem”, disse Lurdes convidando aos demais jovens a seguirem o seu exemplo “os que tiverem tempo e vontade venham também participar, sentir-se-ão muito bem ajudando o próximo que precisa da nossa mão.”
Eu saio daqui de cabeça erguida, sabendo que ajudei uma pessoa, começou por afirmar Constantino Moniz, um outro jovem integrante da agremiação, para quem estender a mão para quem precisa faz parte de um dos deveres mundanos de todo o ser humano “Não vim a este mundo só de passeio, mas também para prestar.”
Procuramos saber acerca dos planos em manga para o presente ano, ao que o respectivo coordenador da AJVM elencou a confraternização com crianças internadas nas diversas unidades sanitárias da província e projecção de sessão de cinema denominado “Filme solidário” com vista a proporcionar sorrisos especificamente para os meninos de rua.
“As crianças estarão lá a recrearem-se, porque sentimos que há pessoas que nunca tiveram a oportunidade de estar numa sala de cinema ou em casa a assistir desenhos animados por exemplo, então nós queremos criar esse fórum”, disse Maloa.
De acordo com a mesma fonte, está prevista uma campanha de limpeza ao Hospital Provincial de Chimoio em coordenação com a equipa de Higiene e Segurança de Trabalho daquela unidade hospitalar.
Apesar de a génese da agremiação ser a província de Manica, o horizonte é expandir para que o país tenha uma Associação de Jovens Voluntários de Moçambique, com as sua sucursais nas capitais provinciais.
Recorde-se que Manica é uma das províncias do país cujo nível de pobreza nas famílias é extrema, facto que obriga filhos até mesmo famílias inteiras a refugiarem-se nos centros urbanos a procura de sobrevivência. Aliado a isso, está a morte precoce de progenitores por diversas causas, com destaque para o HIV/SIDA, deixando crianças desamparadas que vêem a rua e orfanatos como únicos locais capazes de os acolher.
20.05.2018