O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) admitiu hoje que muitos países "não têm outra escolha" senão endividar-se nos mercados financeiros internacionais devido à urgência no desenvolvimento e à redução do financiamento concessional.
"O financiamento concessional [crédito no âmbito da ajuda ao desenvolvimento] está numa tendência decrescente, e muitos países africanos não têm outra escolha senão ir aos mercados de capitais porque não podem esperar para financiar o desenvolvimento económico, há um sentimento de urgência nestas operações", disse Akinwumi Adesina à Lusa, no final dos Encontros Anuais do BAD, que terminaram hoje em Busan, na Coreia do Sul.
Em segundo lugar, respondeu Adesina sobre a subida das emissões de dívida para níveis recorde este ano, "isso também acontece porque cada vez mais países são avaliados pelas agências de notação financeira e portanto, como têm 'rating', têm um acesso mais facilitado aos mercados".
O problema, reconheceu, são as taxas de juro: "Se algum país for ao mercado, paga a Libor acrescida de 9,5%, enquanto nós conseguimos emprestar esse dinheiro a Libor mais 1,1%, portanto há aqui uma diferença", vincou o banqueiro.
O financiamento concessional, ou seja, a taxas de juro mais baixas do que as praticadas pelas instituições financeiras comerciais e geralmente com prazos mais longos, "tem de ter uma tendência crescente, o que é muito importante para os países de baixo rendimento, até para poderem alavancar os outros empréstimos comerciais e consegui-los a taxas razoáveis", disse Adesina, explicando, no entanto, que não é aqui que está o motor do desenvolvimento.
"Pessoalmente, não acredito que os países se desenvolvam baseados em empréstimos, mas sim na disciplina dos investimentos", disse o presidente do BAD nas declarações à Lusa, sublinhando que é preciso garantir que os recursos são adequados à especificidade de cada país e estão disponíveis".
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