Durante os últimos 60 anos, foi liquidado praticamente o sistema colonial na sua forma clássica e nos destroços dos antigos impérios colonias surgiram mais de cinquenta novos Estados africanos independentes que enveredam pela via do desenvolvimento autónomo.
Acontece; que no momento da conquista da independência, os nossos países distinguiam-se consideravelmente uns dos outros quanto aos níveis de desenvolvimento económico, político e social. Estas desproporções nos níveis e no grau de maturidade das relações sociais, político e social continuam a existir também hoje. Para não se sentirem culpados africanos e europeus vão, justificando o subdesenvolvimento de África na dependência económica e política do continente em relação ao exterior e nos efeitos da colonização.
Mas, ao mesmo tempo; nos nossos dias mudou consideravelmente a situação dos países africanos no palco mundial como resultado, os Estados africanos alcançaram posições vantajosas na política internacional e, constituem um terço dos membros da Organização das Nações Unidas (ONU). Na maioria dos nossos países verificam-se importantes mudanças políticas, económicas e sociais.
É indiscutível, porém, que de um modo geral os povos africanos alcançaram ultimamente importantes êxitos da mesma forma, tornaram-se mais fortes.
Então; será que África pode reivindicar o século XXI?
Análises de estudos feitos mostra tanto o carácter complexo e contraditório do problema de desenvolvimento dos países africanos como a existência de importantes possibilidades reais para sua superação*. Estas possibilidades têm uma forte base para a sua superação se a África ingressar no século XXI agora a correr como um continente verdadeiramente pacífico.
Destarte; a experiência das últimas cinco décadas não deixa menor margem de dúvidas de que, os problemas de África só podem ser solucionados com êxito nas condições de uma PAZ sólida e Geral.
n/b:
* A África é das regiões mais agrícolas do mundo: cerca de 67% da população africana vive e trabalha no campo. No continente africano encontra-se cerca de 14% dos territórios lavrados do mundo todo; 26% das pastagens, 13% do gado bovino e 18% das cabras e ovelhas,24% de café, 60% de cacau em grão, 29% de tubérculos
(cálculos da FAO).
A Africa dispõe de grandes reservas dos mais diversos minérios; encontram-se no continente 97% das reservas de diamantes e de metais platinados do mundo capitalistas, 95% do minério de cromo, 78%do minério de vanádio, cerca de 70% dos fosfatos, 67% do ouro, mais de 40% da bauxita, 33% do cobalto, 20/22% do urânio e do antimónio, 16% de cobre e mais de 10% do petróleo, gás natural, minério de ferro, assim como, do chumbo, zinco, estanho e asbesto.
Em África são extraídos cerca de 95% dos diamantes do mundo capitalistas, mais de 75% do ouro e metais platinados, 62/65% do minério de manganês, cromo e cobalto, 56% do vanádio, 36% dos fosfatos, mais de 20% do asbesto, antimónio, cobre e urânio, 17% da bauxita, mais 12% do petróleo e 11% do ferro. A indústria de extracção e uma grande parte da agricultura estão orientadas para o mercado exterior.
A economia dos nossos países depende da exportação da matéria-prima, é afectada pelos preços baixos no mercado mundial, além disso, sujeitos a frequentes oscilações.
Quanto a estrutura económica e nível de desenvolvimento das forças produtivas, a maioria esmagadora dos nossos países, são países agrários e só alguns países podem ser qualificados como agro-indústrias como; Egipto, Nigéria, Argélia e Marrocos. O único país agro-industrial desenvolvido do continente é Africa do Sul, aqui cabe 21% do produto interno bruto do continente, 50% da industria manufactureira, 60% da capacidade de circulação dos caminhos-de-ferro contra 7,3 do continente, mais de 43% do parque automóvel contra mais de 1,9 e 6,9² de viação.
* (cálculos Est. são do Inst. África Acad das Cienc.). Se não houver referências a outras fontes.
Manuel Bernardo Gondola