O diálogo político entre o governo e a Renamo, parece que anda em "marés" baixas, desde a morte do líder da Renamo, Afonso Dhalakama, em Maio passado. Ao que se sabe, tudo agora foi entregue ao Coordenador daquela que é maior força da oposição, o General, Ossufo Momade.
Actualmente, discute-se a parte militar, ou seja, a integração dos homens da Renamo nas Forças de Defesa e Segurança e até nos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE). Até porque foi sempre esta luta do Dhalakama, porque conforme dizia o malogrado, só assim, o Estado deixaria de ser da Frelimo, que usa estas forças para maltratar a oposição.
A caminho dos dois meses de eterna saudade, Nyusi parece sentir muita falta de Dhlakama. Em comício popular orientado por ele, nesta segunda-feira (18), na vila sede de Mulevala na Zambézia, no âmbito da visita que efectua a esta parcela do país, Filipe Nyusi, disse que, "se meu irmão Dhlakama estivesse vivo, já teríamos fechado tudo" - estivemos a citá-lo.
Aliás, o PR sublinhou que o processo de desmilitarização é complexo, mas não impossível por isso, apelou aos residentes de Mulevala em particular e do país em geral, a tomarem a questão da reconciliação como prioridade. "Devemos respeitar os nossos irmãos da Renamo, porque eles são também moçambicanos" - pediu Nyusi para depois acrescentar que, "mesmo aqueles que têm ideias diferentes, são moçambicanos" - sublinhou.
As palavras de Filipe Nyusi neste comício orientado em Mulevala, deixam alguns pontinhos entre linhas, sobretudo quando ele lembrou-se de Afonso Dhlakama, numa clara alusão que o diálogo pode não estar a fluir correctamente.
Nisso, importa sublinhar que recentemente, uma publicação internacional fez saber que algumas forças vivas dentro do partido Frelimo não estavam à favor de colocar homens da Renamo no SISE, alegando que este órgão é sensível. A mesma publicação avançava que este é o ponto de discórdia.
DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 19.06.2018