Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, deslocou-se a Palma e Mocímboa da Praia, onde prometeu aos cidadãos proteção dos ataques armados em Cabo Delgado (norte do país).
O Presidente Filipe Nyusi convidou esta sexta-feira (29.06) os homens armados desconhecidos que estão a protagonizar ataques em alguns distritos do centro e norte da província de Cabo Delgado desde outubro último para apresentarem as suas inquietações de modo a serem resolvidas.
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DW-Presidente moçambicano promete aos cidadãos proteção dos ataques armados no norte do país
Nyusi falava num comício popular em Palma, um dos distritos atingidos pelos ataques.
Estes ataques provocaram já dezenas de mortos, incluindo várias pessoas decapitadas, e causaram ainda um número indeterminado de famílias deslocadas e a destruição de várias residências.
As autoridades têm afirmado repetidamente que desconhecem os autores e as motivações destas acções armadas.
Colocar preocupações de forma aberta
Filipe Nyusi pediu aos populares que acorreram ao comício em Palma para apresentarem as suas preocupações de forma aberta e colocou ainda a sua disposição uma equipa encarregue de registar assuntos considerados privados.
"Mesmo se existir alguém que está aí que não está satisfeito, esse que depois fica no mato poderá vir aqui dizer que eu não estou satisfeito estou no mato por causa disto e daquilo. Por isso, não haverá motivo para ele continuar no mato porque estou aqui para ouvir e resolver o problema dele. Estou com membros do Governo, com membros das forças de defesa e segurança precisamente para ouvir o que eles têm no coração, aquilo que não é resolvido por nós para podermos resolver".
O Chefe de Estado moçambicano denunciou algumas das ações destes homens armados.
"Estiveram numa base aqui perto (da sede do distrito de Palma), ficaram lá mais de duas três semanas e as pessoas começaram a morrer sem comida. As forças de defesa e segurança foram para lá , foram lá atacar precisamente para libertar a população e libertaram. As mulheres e crianças foram levados para casa mas os homens esses estão sempre a fugir".
Distanciamento de crenças religiosas
O Presidente Filipe Nyusi exortou a população de Palma para se distanciar de algumas crenças religiosas tidas como estando na origem desta situação de instabilidade. Observou que esses grupos instrumentalizam os jovens inculcando a ideia de que a religião muçulmana praticada em Moçambique está ultrapassada e ainda que alguém que aceite morrer em nome de certos propósitos vai ter uma vida melhor no céu.
"Eles estão a recrutar pessoas nos distritos costeiros. Estão a ir também a Nampula recrutar pessoas para vir morrer aqui. Não deixem que isso aconteça. Estão a semear luto nas vossas famílias. E são jovens que vocês conhecem, denunciem".
Mais de 200 pessoas foram detidas desde outubro último em ligação com os ataques protagonizados pelo grupo de homens armados desconhecidos, dos quais alguns foram já libertados por não se ter provado o seu envolvimento enquanto outros estão a ser levados a justiça, informou o Chefe de Estado.
Maior vigilância
Nyusi apelou à população de Cabo Delgado para elevar os níveis de vigilância, evitando que mais jovens sejam coagidos por estes grupos.
"Nenhum moçambicano deve ser morto enquanto este Governo existe enquanto as forças de defesa e segurança existem. Vamos defender até ao ultimo cidadão".
O distrito de Palma é um dos locais onde estão em curso obras para aexploração de gás natural que deverá iniciar dentro dos próximos cinco ou seis anos.
O Chefe de Estado exortou aos moçambicanos para não alimentarem a ideia de que com a descoberta do gás natural estão ultrapassados todos os problemas e disse que o país deve continuar a apostar nas áreas tradicionais de produção como a agricultura.
Apelo em Mocímboa da Praia
Antes de visitar Palma, o Presidente Filipe Nyusi esteve ainda esta sexta-feira em Mocímboa da Praia, outro distrito palco dos ataques de homens armados desconhecidos.
Tal como em Palma, Nyusi deixou o seguinte apelo:
"Quero apelar a calma, quero apelar a muita vigilância, quero apelar que apoiem as forças de defesa e segurança porque eles estão a trabalhar para resolver este problema. Não existe um familiar, um filho, um irmão, um vizinho que mata o outro. Quando mata é inimigo. Por isso jovens fiquem atentos".
DW-29.06.2018
NOTA. Numa primeira fase foram presas mais de 300 pessoas e agora, segundo o PR, mais cerca de 200. Centenas delas foram mantidas em prisão preventiva. Com tanta gente presa como é possível que nada se saiba sobre as motivações destes grupos? Algo se anda a esconder do povo.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE