O sindicato de agricultores sul-africanos TAU-SA anunciou que os agricultores comerciais estão céticos em relação às recentes declarações do Presidente Cyril Ramaphosa, sobre a reforma do setor, prometendo "não ficar de braços cruzados".
Em comunicado enviado à agência Lusa, em Joanesburgo, Johan Steyn, presidente do TAU-SA (Transvaal Agricultural Union South Africa, em inglês), no Cabo Oriental, afirma que “essas declarações são diretamente contraditórias à política do ANC (Congresso Nacional Africano), conforme descreve no seu documento da Revolução Nacional-Democrática”.
"Inexplicavelmente, parece haver muito otimismo em relação a essas reuniões (para as quais o representante agrícola TAU-SA não foi convidado) e às declarações descaradamente pacificadoras divulgadas desde então", afirma Steyn, sem especificar as organizações do setor.
Acrescenta que "o que foi discutido, e as declarações subsequentes, certamente não refletem o sentimento da maioria dos agricultores", que "consideram que essas declarações foram puramente destinadas a acalmar águas muito problemáticas em relação ao objetivo claramente declarado pelo Governo de roubar propriedade legítima".
"É uma cortina de fumo, na melhor das hipóteses", adianta.
No comunicado, Johan Steyn critica o partido governante de "ofuscar" o debate sobre a reforma agrária na África do Sul.
"Esta ofuscação é historicamente uma tática comum usada pelo ANC. Os objetivos radicais são divulgados para avaliar a reação [da sociedade]. Dependendo dessa reação, a declaração é diluída, apenas para forçar a sua submissão num estágio posterior", refere.
A posição do sindicato, que representa agricultores comerciais e que foi criado em 1897, surge numa altura em que o partido ANC se prepara para emendar a artigo 25 da Constituição da República e permitir ao Estado expropriar propriedades privadas, nomeadamente agrícolas, sem compensação financeira.
O Presidente da República, Cyril Ramaphosa, anunciou recentemente que a emenda constitucional irá por adiante, embora a Constituição já permitisse ao Estado expropriar no interesse público.
Já o dirigente sindical refere que "a forte resistência que o ANC encontrou em relação ao roubo de propriedade que propõem fazer, particularmente dos membros do TAU-SA, obrigou o Governo a tentar minimizar possíveis conflitos".
No entanto, acredita que o governo sul-africano irá manter a política do ANC que considera ser "de inspiração comunista".
"Os agricultores aqui na África do Sul certamente que não vão ficar de braços cruzados enquanto a nossa economia é destruída devido ao roubo legalizado das nossas propriedades legítimas", adverte o responsável da TAU-SA.
"O facto de um número crescente de governos estrangeiros estarem a assumir uma posição contra as políticas falhadas do ANC é prova de que o ANC não será capaz de depender de ajuda se continuarem a persistir obstinadamente na implementação dos seus planos condenados", conclui Johan Steyn, no comunicado.
LUSA – 24.08.2018