A Alemanha vai apoiar Moçambique na implementação do memorando de entendimento assinado entre o Governo e a Renamo nas negociações de paz, anunciou hoje em Maputo o ministro da Cooperação Económica e Desenvolvimento alemão.
“Nós vamos apoiar Moçambique na implementação do acordo de paz. Pensamos nós que a paz é a chave para o desenvolvimento de qualquer nação”, disse Gerd Muller.
Aquele governante falava momentos após uma reunião com o ministro moçambicano da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, no âmbito de uma visita de trabalho de dois dias que Gerd Muller realiza a Moçambique.
A Alemanha, acrescentou Gerd Muller, vai acompanhar “todas as fases” do processo negocial entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, como forma de garantir uma solução duradoura para a crise política.
“Todo este processo de paz exige de ambas as partes passos que vão um ao encontro do outro”, lembrou o governante alemão, frisando que a “base de todo o desenvolvimento é a paz e a tolerância entre todos os grupos que existem no país”.
No âmbito desta mediação, o ministro da Cooperação Económica e Desenvolvimento da Alemanha tem hoje em sua agenda um encontro com a chefe da bancada parlamentar da Renamo, Ivone Soares.
No dia 06 deste mês, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou a assinatura de um memorando de entendimento entre o Governo e a Renamo, sobre a desmilitarização e a integração das forças do principal partido da oposição no exército e na polícia.
O chefe de Estado moçambicano não avançou detalhes sobre o conteúdo do documento, mas afirmou que se trata de um instrumento “determinante” nas negociações de paz iniciadas com o falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que morreu em 03 de maio devido a complicações de saúde.
Na mesma ocasião, o Presidente moçambicano anunciou a entrada em funcionamento da comissão de assuntos militares e de grupos de trabalho que vão dirigir a desmobilização, desarmamento e reintegração da Renamo.
No dia 20 de agosto, Filipe Nyusi anunciou também que convidou observadores internacionais compostos por países com experiência em processos de desmilitarização de grupos armados para acompanharem o processo de desarmamento da Renamo.
Além do desarmamento e da integração dos homens do braço armado do maior partido da oposição nas Forças Armadas, a agenda negocial entre as duas partes envolvia a descentralização do poder, ponto que já foi ultrapassado com a revisão da Constituição, em julho.
Moçambique assistiu, entre 2015 e 2016, a uma escalada nos conflitos militares entre as forças governamentais e o braço armado da Renamo, que não aceita os resultados eleitorais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, de fraude no escrutínio.
LUSA – 26.08.2018