Por Edwin Hounnou
A nossa oposição tem vindo a demonstrar um grande défice de bom-senso na resolução dos problemas e diferenças que os separam um do outro. Parece que entre a Renamo e o MDM competem quem comete mais besteiras, quem pode desiludir cada vez mais o povo, quem mais faz asneiras que beneficiem ainda mais à Frelimo. A Renamo, apesar longa experiência de luta, ainda tem imensas dificuldades de se pôr de pé e deixar de andar trôpego, próprio de quem deseja chegar ao poder.
Não há dúvidas de que os erros que a Renamo e o MDM cometem deixam um campo aberto de manobras para a Frelimo se sentir cada vez mais forte. Quem deve estar a esfregar as mãos de contentamento com as mutilações mútuas entre a Renamo e MDM é o partido Frelimo que subvenciona essas guerras no seio da oposição. Alguém deve estar a facturar para atrapalhar. Semeia a confusão e colhe dividendos, ao fim da sua jornada de enfraquecer a oposição.
Em devido momento, alertámos sobre uma possível existência de saco azul para confundir a oposição. nossa previsão era verdadeira. As lutas entre a Renamo e MDM visam dar vantagens à Frelimo. A permanência da Frelimo no poder não se deve à sua força, a sonolência da oposição que nada faz para alterar as coisas. A Frelimo embora debilitada pela corrupção, continua invencível aos olhos da nossa oposição.
Depois de 10 de Outubro, a oposição que vá chorar sobre os seus próprios ombros ou de gente distraída e ingénua devido à sua falta de inteligência, excesso de arrogância e, sobretudo, à ausência de uma visão estratégica de luta política.
A Renamo vem participando das eleições desde 1994, mas nunca logrou derrotar a Frelimo, embora votada, massivamente, sempre quedou em segundo lugar e dá a entender que vai ter a necessária performance para alterar as coisas até que mude a sua maneira de fazer política. O que tem falhado? – Sempre a mesma coisa. Não basta enumerar as desculpas do tipo nos roubaram votos, prenderam o nosso fiscal no momento em que a contagem ia começar ou o STAE fez o enchimento de urnas com votos falsos. O povo quer resultados e não deseja ouvir desculpas nem a ladainha de que “fomos roubado votos”. Quanto a esta música, entendam-se com a Frelimo e não com o povo.
Os partidos têm a obrigação de evitar que ocorram fraudes e não para fazerem a listagem do tipo de fraudes e vir à rua choramingar. O que é preciso fazer para evitar que haja fraudes? – É preciso trabalhar bastante, congregar numa frente única todas as forças que se opõem à Frelimo e traçar uma estratégia comum de luta. Se a Renamo tem uma larga base popular o que é bom, é necessário unir esforços com o MDM, um partido com alta experiencia de vigilância de votos. Só desse modo será possível remover a Frelimo do poder. É a oposição que transmite a ideia da invencibilidade da Frelimo.
A nova realidade política que vivemos, não é salutar que um partido lute pela manutenção de um sistema de dois partidos. Mesmo nos Estados Unidos ou na RP da China, existem outros partidos para além dos popularmente conhecidos, não são flagelados. Não são convidados a sumirem do panorama político como fazem com o MDM.
A iniciativa de estucar o MDM sempre parte da Renamo que, em várias ocasiões se junta à Frelimo para “matar”. Podemo-nos recordar da exclusão, em 2009, do MDM em 9 províncias das 11 totais e para lograr esse efeito, a Frelimo contou com o apoio da Renamo. Recentemente, enquanto Afonso Dhlakama procurava entreter Daviz Simango com conversa fiada de frente única eleitoral, na calada da noite, o líder da Renamo chamava membros do MDM à Serra da Gorongosa.
Quem quer concertações de luta não procede de tal maneira, comparando-se a um convidado para um jantar e durante o banquete passa o tempo a piscar o olho para a esposa do seu amigo. É o exemplo da Alemanha hitleriana que invadiu e ocupou a Polónia depois de terem assinado um pacto de não-agressão, que era para distrair o mundo.