Pesquisadores ouvidos hoje pela Lusa defendem políticas para redução do índice de fecundidade em Moçambique, que está entre os mais altos do mundo, considerando que o crescimento populacional está a "sufocar os serviços básicos".
"Estamos perante um crescimento populacional acelerado e fica difícil acompanhá-lo com a provisão dos serviços básicos necessários. Isto põe pressão sobre estes serviços", declarou Carlos Arnaldo, pesquisador na Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
Moçambique tem 28,8 milhões de habitantes, de acordo com o Censo de 2017, mais 8,3 milhões que no último inquérito à população, dez anos antes.
Para o pesquisador moçambicano, além da cultura, a falta de planeamento familiar, os casamentos prematuros e o desconhecimento de métodos anticonceptivos estão entre as principais causas do crescimento populacional que o país está a registar.
"A maior parte dos filhos que nós estamos a ter são filhos que nós não queremos ter", afirmou Carlos Arnaldo, acrescentando que "é altura de iniciar uma reflexão séria sobre as políticas para redução da fecundidade".
Também o pesquisador holandês Rolph Hakkert entende que o país devia rever as suas políticas para travar o crescimento populacional, considerando que a situação é preocupante porque o aumento demográfico está a "sufocar os serviços básicos".
"As pessoas começam a sua atividade sexual muito cedo e despreparadas", afirmou Rolph Hakkert, lembrando que apenas 25% da população moçambicana tem acesso à anticonceptivos.
Para Rolph Hakkert, a sensibilização das comunidades em que ainda existe a poligamia, como no sul de Moçambique, é também fundamental nas ações do Governo.
"As pessoas ainda continuam achando que é importante ter muitos filhos. Era necessário que o Governo mostrasse, talvez em campanhas, que este modo de vida já não se ajusta à realidade", concluiu o pesquisador.
O ritmo de crescimento populacional em Moçambique é estimado em 3,4% por ano, o que é considerando pelos pesquisadores uma taxa "muito alta".
O índice de fecundidade de Moçambique é estimado numa média de 5,9 filhos por mulher, um dos mais altos do mundo.
Entre as principais causas da fecundidade elevada em Moçambique destaca-se o início precoce da procriação e o baixo uso de métodos anticonceptivos.
LUSA – 25.08.2018