O secretário-geral da Frelimo pediu à população de Nhamatanda para perdoar o braço armado da Renamo, considerando que é necessário conviver com os homens do principal partido da oposição para "dar espaço à sua reintegração social".
Roque Silva, citado hoje pelo diário Notícias, disse que o perdão vai dar espaço ao desarmamento, desmobilização e reinserção do braço armado do principal partido de oposição, no âmbito dos entendimentos alcançados durante as negociações entre o Governo e a Renamo.
O secretário-geral da Frelimo falava na terça-feira durante um comício popular em Nhamatanda, província de Sofala, região considerada o bastião da Renamo.
Roque Silva disse que "não é fácil esquecer a instabilidade", mas é necessário que os moçambicanos se esforcem porque a paz é um processo irreversível.
Filipe Nyusi e o coordenador interino da Renamo, Ossufo Momade, assinaram um memorando de entendimento sobre a desmilitarização e a integração das forças do principal partido da oposição no exército e na polícia, um processo que já começou.
Os detalhes sobre o conteúdo do documento ainda não são públicos, mas o chefe de Estado afirmou que se tratava de um instrumento "determinante" nas negociações de paz iniciadas com o falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que morreu em 03 de maio devido a complicações de saúde.
Além do desarmamento e da integração dos homens do braço armado do maior partido da oposição nas Forças Armadas, a agenda negocial entre as duas partes envolvia a descentralização do poder, ponto que já foi ultrapassado com a revisão da Constituição, em julho.
Moçambique assistiu, entre 2015 e 2016, a conflitos militares entre as forças governamentais e o braço armado da Renamo, que não aceita os resultados eleitorais de 2014, acusando a Frelimo, partido no poder, de fraude no escrutínio.
LUSA – 19.09.2018
NOTA: Não será antes a Frelimo quem precisará primeiro de pedir perdão pelos milhares de moçambicanos mortos por membros seus? Estão à espera de quê?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE