Samora Machel Júnior acusou hoje a liderança da Frelimo de ferir os princípios e estatutos do partido na rejeição à sua candidatura ao município de Maputo, assinalando que foi "vítima de artimanhas".
"Ao candidatar-me internamente, foi-me vedada a possibilidade de ir a sufrágio interno, de uma forma que fere os princípios estatutários do próprio partido", declarou Samora Machel Júnior, em conferência de imprensa, na sequência da rejeição da candidatura da Associação Juvenil para o Desenvolvimento de Moçambique (AJUDEM) pelo Conselho Constitucional (CC).
O político decidiu ser o cabeça-de-lista da AJUDEM, após a sua pretensão de concorrer nas internas da Frelimo, partido no poder, para a candidatura ao município de Maputo nas autárquicas de outubro ter sido vetada por razões nunca esclarecidas.
"As circunstâncias que nos levaram a recorrer ao Conselho Constitucional resultaram do nosso profundo desacordo com as artimanhas usadas e que levaram a Comissão Nacional de Eleições a tomar a decisão de nos excluir de concorrer às eleições autárquicas", disse Samora Machel Júnior.
O político afirmou que vai respeitar a decisão do CC e da Comissão Nacional de Eleições (CNE), assinalando que o respeito pelos órgãos do Estado e de soberania é a essência da democracia.
Samora Machel Júnior considerou que a decisão dos dois órgãos priva milhares de cidadãos de Maputo de manifestarem a sua vontade nas eleições autárquicas do dia 10 de outubro.
A pretensão de se candidatar a Maputo, prosseguiu, foi precedida por um processo de auscultação dos munícipes da capital, que expressaram o desejo de ver a cidade a dar um salto rumo ao desenvolvimento.
"Fechar o fosso entre o poder e o povo foi o mote da nossa candidatura, que tinha por objetivo aproximar cidadãos e levá-los a participar em mudanças reais, que pudessem melhorar o seu bem-estar", afirmou Samora Machel Júnior.
Questionado sobre o seu futuro na Frelimo, o político remeteu a resposta às estruturas do partido e em relação ao apoio ao candidato da organização por Maputo, Eneas Comiche, frisou que a decisão pertence ao foro da sua consciência individual.
As eleições autárquicas de 10 de outubro vão decorrer em 53 autarquias do país e serão as quintas na história do país.
LUSA – 19.09.2018