A consultora EXX Africa considerou ontem que existe uma “falta de vontade política em Moçambique e entre os países doadores” para investigar a fundo os principais beneficiários do escândalo da dívida oculta garantida pelo Estado.
“Existe uma falta de vontade política em Moçambique e entre os países doadores para continuar as investigações sobre as práticas financeiras e alegações de fraude, já que o fôlego para investimento no sector do gás natural está a acelerar”, escrevem os analistas.
No relatório, enviado aos investidores, os consultores escrevem que a petrolífera moçambicana está à procura de soluções para angariar dois mil milhões de dólares para financiar a sua participação no consórcio liderado pela ENI, e tem a ajuda do banco francês Société Générale para financiar o investimento no bloco da Anadarko.
“Os bancos e as instituições financeiras internacionais estão cada vez mais ansiosas por ‘andar para a frente’, afastando-se do escândalo da dívida oculta, e investir no lucrativo sector do gás natural para garantirem receitas futuras”, acrescentam os analistas da EXX Africa.
Na análise ao acordo preliminar anunciado no princípio deste mês entre o Governo e os credores dos títulos de dívida pública, com o título ‘Moçambique começa o longo caminho para a recuperação’, os peritos dizem que sem reestruturação não há recuperação.
“Não há uma esperança imediata para uma recuperação económica sustentada enquanto não houver uma resolução para o escândalo da dívida oculta”, escrevem.
“A economia de Moçambique continua a debater-se devido ao aumento dos preços alimentares, cortes nos subsídios, e o frequente colapso das pequenas empresas”, lê-se no documento, que conclui que “nas vésperas das eleições de 2019, o Governo vai precisar de dar uma volta à economia para evitar uma degradação dos serviços públicos”.
DN – 29.11.2018