O representante do grupo de credores que assinou o acordo de princípio com o Governo sobre a dívida pública considera que a resolução da dívida vai normalizar a relação com os mercados financeiros.
“A resolução proposta vai ajudar a normalizar as relações de Moçambique com os mercados financeiros internacionais e vai também oferecer um caminho para atingir o crescimento a longo prazo”, disse Thomas Laryea.
O representante legal do Grupo de Detentores da Dívida Pública de Moçambique acrescentou que o valor em dívida actualmente ascende a 915,9 milhões de dólares, representando os 726,5 milhões emitidos em 2016 e os juros de 189,4 milhões que são devidos mas não foram pagos.
“O ‘haircut’ será a diferença entre o valor inicial em dívida acrescido dos juros e o montante da nova emissão de 900 milhões, ou seja, 15,945 milhões de dólares”, explicou o representante dos credores, assumindo assim que há um ‘perdão’ de quase 16 milhões de dólares face aos valores em dívida à data de hoje.
Questionado sobre as críticas de que Moçambique vai pagar muito mais do que o valor contratado quando a dívida foi emitida, Thomas Laryea respondeu: “Nós não comentamos a valorização dos termos referidos no acordo de princípio, no entanto, lembramos que agregar os pagamentos sem qualquer contexto é altamente enganador, porque um dólar pago em 2033 vale menos que um dólar pago em 2019″.
O acordo anunciado na terça-feira pelo Ministério das Finanças “está virado para o futuro porque reconhece a capacidade limitada de pagamentos no curto prazo, providenciando 1,05 mil milhões de dólares de alívio financeiro até 2023, o que vale 85% do montante devido”, enfatizou o representante dos credores.
O acordo preliminar também “reconhece a grande melhoria da capacidade de pagamento de Moçambique depois de 2023, alicerçada nos melhoramentos económicos e nas receitas do gás a longo prazo”, apontou.
DN – 08.11.2018
NOTA: O “patrão” paga e os “empregados” gozam. Até quando?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE