Por Major Manuel Bernardo Gondola
Em 20[19] vamos valorizar mais as pessoas do que as coisas.
Vamos procurar dar trabalho ao maior número possível de pessoas. Talvez não estejamos, desta forma, produzindo directamente mais riquezas, mas estaremos certamente conferindo mais dignidade a um número maior de famílias moçambicanas.
Vamos também valorizar as pessoas; dando a cada uma; habitação condigna, maternidade condigna, transporte condigno, boa alimentação, uma educação/saúde correctas. Ou seja; uma possibilidade de cada uma participar efectivamente no desenvolvimento do País não só; demagogicamente mas através de uma parcela de seu resultado económico, mas principalmente através da participação na construção de seus resultados.
Vamos em 20[19],valorizar as pequenas empresas, aquelas em que o relacionamento humano ainda prevalece e as pessoas não se transformam em peças de engrenagens.
Vamos valorizar a obra das nossas próprias mãos, o nosso próprio trabalho e suor, fazendo-o simplesmente bem melhor, deixando para lá a “mentira” e o “desleixo”.
Vamos valorizar as nossas escolas e Universidades, nossos meios de comunicação social, nossas famílias, fazendo deles muito mais do que focos de preocupação económica, mas locais de transmissão de valores éticos, que tanto abandonamos nestas últimas décadas.
Vamos valorizar o futuro, as gerações dos nossos filhos e netos, que têm o direito de esperar que nossa avidez, nossa ganância e nossa sede de lucro imediato não inviabilizem o mundo que lhes deixarmos. Tem importância também o seguinte aspecto: em 20[19] o bem-estar de cada moçambicano e de cada família baseie-se não na propriedade pessoal, mas sim, no trabalho garantindo e no aumento dos fundos sociais de consumo. Vou assinalar também que em 20[19] que a maior das moradias pertençam ao Estado que as distribua de graça, e o aluguer não ultrapasse 3/4% da receita total de uma família com rendimento médio.
Assim como; vamos fazer de 20[19], o ano de uma verdadeira independência ética contra:
A ansiedade, o ressentimento, a Intolerância, relatórios distorcidos, inadimplência/fraude, deslealdade, indisciplina no trabalho, ociosidade, gatunice, peculato, má qualidade de ensino, favoritismo/corrupção, conflito de interesses, falsidade ideológica, e…, etc, etc.
Em Moçambique, esta lista deveria ser acrescida de um item que adquire uma importância cada vez maior. É a filosofia do “desleixo”, que vem se manifestando em todos os aspectos da vida nacional como: Não vai adiantar eu mudar. Afinal o mundo inteiro está assim. Eliminamos a passividade de ficarmos esperando que, com o tempo, as coisas melhorem. Tornamo-nos alguém que está contribuindo para a mudança da sociedade, em vez de sermos como acontece, mais um, adicionado aos muitos e múltiplos problemas já existentes no País.
A partir de 20[19] tenhamos a consciência de que tudo é uma questão de perspectiva; direccionemos as nossas energias para aquilo que não podemos aceitar nunca. Destarte; vamos transformar em 20[19] as acções erradas em hábitos elevados, vamos interromper o ciclo de repetição dessas atitudes e começarmos a experimentar uma influência benéfica nos pensamentos, palavras e consequentemente nos relacionamentos familiares, no trabalho, escola, Universidade e amizade.
Em 20[19] vamos experimentarmos ser um farol para iluminar e ajudar a guiar o País; concentrando-nos na solução e não nos problemas; direccionando todas as nossas energias para atingirmos nossos objectivos deixando para lá pensamentos negativos.
A clareza, afrouxamento nítido entre o certo e o errado, sem normas éticas vinculativas, sem padrões ou sem modelos de referência, que infelizmente não se ensina mais nas escolas, Universidades e nas famílias e que se pratica cada vez menos na actividade profissional, você vê; traz para o nosso País, sem que se perceba, um imenso volume de problemas.
Mas, será que as escolas, Universidades e as famílias podem ensinar a ética?
A resposta a pergunta deveria ser evidente: os acontecimentos dramáticos ao nível político, económico, social e, até cultural do ano que agora está reconhecendo seu fim e já no limiar do novo ano inscrevem a necessidade da ética, pelo menos face aos abundantes exemplos negativos, para a nossa sobrevivência.
Quando por exemplo; deixamos implícito que a integridade é um factor inerente ao carácter da pessoa, estamos a afirmar que, de facto, o papel da escola, da Universidade e das famílias é, providenciar orientações sobre como devemos fazer escolhas éticas.
Sob outros aspectos, se tudo que somos hoje é fruto das nossas acções, as acções que desempenhamos no presente. Mas creio, que se realmente quisermos; um dia, nos relacionarmos em termos de responsabilidade, seguramente seremos um País felizes e prósperos. Destarte; quando entendermos isto, perceberemos todos a grande responsabilidade que temos pelo pensamento, palavra ou acção que desempenhamos.
Há a percepção de que nós mesmos, e ninguém mais, criamos nosso destino através de nossas próprias acções. Desta forma enfrentamos; os revezes e dificuldades com coragem e dignidade, entendendo que devemos pagar nossas dívidas e não alimentar sentimento de revolta ou autopiedade.
Sob outro aspecto; lembremo-nos se tudo que somos hoje é fruto das nossas acções anteriores, ou seja; as acções que desempenhamos no presente logicamente irão criar (reverberar) nosso futuro.
Portanto; você vê, está em nossas mãos escolher o futuro que quisermos a partir do ano de 20[19].
Então; quando entendermos isto todos nós; do Rovuma ao Maputo, do Zumbo ao Indico, percebermos a grande responsabilidade que temos pelo pensamento, palavra ou acção que, desempenhamos. Manuel Bernardo Gondola
Planalto dos Makondes/CD 27 de Dezembro 20[18]